A equipe do CURAT acredita que os sintomas não são nossos inimigos.

O Consultório Unificado de Recursos da Arte Terapêutica (CURAT) nasceu em 2006 como um consultório médico que, ao sair da área de atuação mais específica, migrou para uma medicina voltada para a individualidade e a multidimensionalidade de cada pessoa e seus adoecimentos. Para isso, precisou agregar 26 anos de prática médica e profissionais de outras áreas do conhecimento em saúde, com as diferentes técnicas existentes. A complementariedade de recursos se faz necessária diante da complexidade crescente que tanto adoece pessoas, famílias e sociedade em geral. Seja para a busca da cura, seja para a manutenção da saúde, grande sinergia se faz cada vez mais necessária! Compreender os caminhos que levam ao adoecimento e à cura, é uma meta de todos os envolvidos ao longo desses anos de atividade! Afinal, os sintomas não são nossos inimigos, apesar de tanto desconforto causarem! São eles que nos apontam a direção da retomada do cuidado e da Saúde!

Missão e Valores

Viabilizar o modelo de promoção e manutenção da saúde por meio de uma abordagem que contemple a unidade física, psíquica e espiritual do indivíduo, e o modelo multidisciplinar com parcerias ativas e corresponsáveis que estimulem o processo de valorização da saúde e vida humanas.

Cuidar para curar; Ética; Corresponsabilidade; Vínculos construtivos; Complementaridade de recursos para a saúde; Respeito; Honestidade.

A MEDICINA DA PESSOA E AS DIMENSÕES HUMANAS

Apesar de todos os diagnósticos e todas as melhorias que puderam ser incluídas ao longo do tempo, sempre teremos o INDIVÍDUO (indivisível) e a sua história de vida a serem considerados no processo SAÚDE/DOENÇA. Esse detalhe interfere positiva ou negativamente em cada caso atendido, e no CURAT, ele merece consideração especial; afinal, somos seres multidimensionais, além da biologia. Com todo avanço tecnológico, esse ser complexo e multidimensional, pode ficar relegado ao segundo plano e, apesar de exames normais, os comportamentos e as sensações subjetivas de bem-estar, nem sempre acompanham os resultados ditos “normais” que apontam para a saúde. O físico Amit Goswami, pode nos ajudar a compreender esse modelo, onde instâncias e recursos físicos e não físicos, precisam ser incluídos no dia a dia dos atendimentos.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES / ARTIGOS

A coluna vertebral é um desafio para médicos e pacientes com suas dores e limitações e também com a sua incrível capacidade de nos manter eretos contra a lei da gravidade que nos empurra para baixo. E ela é fonte de múltiplos problemas, desde os mais meramente disfuncionais, aos altamente incapacitantes para o trabalho e para os afazeres da vida cotidiana. Ao longo da caminhada, aprendemos que as mazelas começam no esforço para parar de pé nos aspectos da arquitetura corporal (já que nascemos e demoramos um ano para vencer as limitações e dependências) e também na manutenção da identidade que montamos com muito esmero, mas que nem sempre faz com que tenhamos boas atitudes com a nossa própria pessoa, com o outro e com a vida. Dificilmente um caso clínico qualquer não deixa de estar envolvendo a coluna, pois os músculos, vértebras, articulações, humor e emoção, respiração e vitalidade das vísceras muito dependem da boa estrutura vertical na sua forma e função.

Homeopatia, alopatia, fitoterapia, MEDICINA geral VOLTADA À PESSOA E À FAMILIA, Modulação Intestinal, Postura e Movimento (grupo), Meditaçaõ e Relaxamento( grupo ), FATORES DE AUTO-ORGANIZAÇÂO (BIO fao) - www.institutobiofao.com.br

P U L S A R E – práticas corporais orientais (Rosangela Accioli e Luiza Yoko)
S A L - Sueli A Lelis e equipe (psicoterapia, fonoaudiologia, psiquiatria)
Beatriz Rillo (fisioterapeuta)
Fernanda Soriano (fisioterapia)
Delfim e Fabiana Calderolli (psicoterapia e psicopedagogia)
Marcos Miaciro (fisioterapia)
Dimas Calegari (curso de psicoterapia reichiana)
Ana Ines Kùller (fisioterapia)
Vera Domene (fisioterapia)
Eduarda Ramos (Reiki e Shiatsu)
Rodrigo Barrios (Acupuntura)
Ana Laura Azuma (psicoterapia)
Rita de Cassia Alves (acupuntura)

E a gente ainda acredita !!!!!

Está muito difícil abrir alguma tela tecnológica para acessar algo útil (ou necessário de fato) nesse mundo digital que ganhou todo o espaço por vender tanta facilidade. Foi pela praticidade , ganho de tempo ,de informação e vida com esforço na palma da mão que fomos convencidos a abrir a porta para ele entrar em cada uma das nossas vidas .E entrou com tudo, tomou posse de todo nossa casa física e não física. O que se acessa como “normal” é uma enxurrada de entulho que chega a cada “clic” realizada ( e ela busca desviar o foco inicial e sugar a vida) . Salta diante dos olhos e acessa nosso inteligente sistema nervoso completamente dominado pela esperteza de quem o manipula . Somos mesmo guiados como proprietários desleixados de instrumento precioso que, deteriorado, nos coloca como animais de circo sem instintos para encarar a mata , dependentes de alguma recompensa pela participação no espetáculo .Tudo tão moderno e tudo tão repetitivo ao longo da nossa história pessoal, familiar e humana. Desde a tenra infância alguma coisa vinda de fora prometeu coisas para que sentíssemos boas emoções( mas as melhores iam mesmo para que as prometia )! Começa pela chupeta que acalma o bebê ( e os pais exaustos) por simular o bico do peito. É o sugar uma ilusão que traz calma pela boca ao pequeno ser- ele sente se conectado. Esse pequeno gesto nessa tão pequena escala ao lado do berço está ampliado ao máximo já que “papai\mamãe mercado” precisa mesmo oferecer recursos aos sofridos seres que choram e ainda são incapazes de zelar pela própria vida . Todos nos tornamos habituados a esse externo e acabamos como mal acostumados e preguiçosos bebês ávidos pelo benefício que vem de fora . As leis para os incapacitados filhotes pedem mesmo que suas necessidades sejam atendidas por alguém mais habilitado , capaz de dar suporte às demandas de vida que precisa tanto do externo para seguir adiante .Precisa mesmo receber o suporte para desenvolver todas capacitações , ainda estão latentes pelo momento biográfico. Essas leis mudam conforme a biografia avança já que a autonomia no mundo parece ser mesmo a meta para tudo que nasce... .A auto sustentação deve promover a captação de recursos, o uso dos mesmos para gerar energia e manter a vida até chegar à eliminação de resíduos que não servem mais .Assim o circuito fecha então um ciclo que , depois de um auge, caminhará para um declínio e morte física. Do nascimento da agricultura há mais de 10000 anos, da organização da humanidade em sociedade organizada há cerca de 8000 anos , sempre o processo evolutivo aconteceu diante de demandas que, quando satisfeitas geravam novas demandas e saídas .... e por aí vão as culturas de 3000 anos atrás, aquela que nasce com o nosso calendário, a Idade Média com as suas autoridades a criar facilidades para a humanidade ainda infantil( crédula na compra das indulgências).....depois os movimentos do pensar com endeusamento do intelecto e da ciência, até chegar às revoluções que nos trouxeram até o dia de hoje. Sempre presente a promessa do dar conta de resolver a vida de quem não sabe dar conta nem sentido à vida que recebeu . Quanta busca pela vida boa dentro das dimensões que precisamos encarar para aqui viver e quantas ofertas que nos ofereceram, mas veio junto veio um alto preço com a perda o rumo e o sentido e atrofia de capacitações essenciais. Tanto que a doença mental (que gera doença emocional ) pela desconexão de nós mesmos, do outro e da misteriosa realidade de ser humano, bate à nossa porta com vigor. A medicina luta para combater sintomas desse estado ,mas também ficou desconectada das leis do viver...as religiões e a ciência também fizeram o mesmo! Restam as soluções do influenciadores( incluindo os da medicina Pop) a influenciar influenciados para que saiam da angústia da desconexão e conectem-se a eles, salvadores ... a oferecer inúmeras chupetas coloridas e de diferentes sabores, mas que saciam apenas a fome deles mesmos. Como dizia Belchior, ainda somos os mesmos e vivemos como... crianças a depender de autoridades , esquecidos que a vida é nossa dádiva e pede zelo responsável. A grande pergunta que resta : até quando seremos crédulos como povo da Idade Média ligado na autoridade externa como fonte de redenção para uma vida melhor?

Vida Generosa e vivente distraído

Vida generosa e vivente distraído! Desde sempre os ciclos começam e encerram-se. Em cada etapa vão deixando para nós certa nostalgia mesclada com certa alegria , também certa excitação e algum medo pelo que virá com a abertura do novo e desconhecido que se revela , até ficar no passado de novo. Assim passam as horas, dias, semanas, anos e séculos e também a nossa biografia! Somos expectadores em grande parte das vezes, observando o externo e o que ele pode nos oferecer de positivo e negativo nesse processo. Muitas vezes fazemos cara de tédio e enfado no repetitivo espetáculo sem saber que ele é como é porque somos como somos ao interagir com o tempo e o espaço. No universo da saúde as reclamações são as mesmas por parte de quem senta-se para uma consulta e também de quem senta-se a oferecer consultas... São dores aqui e acolá, são reclamações dos atendimentos recebidos... Das dificuldades familiares, amorosas e do trabalho... E da cidade colapsada com trânsito paralisado (e paralisante) e poluição ambiental. Parece mesmo a ladainha das antigas vovós onde clamava-se repetidamente pela intercessão divina. Tudo isso gera um falso movimento que parece ativo (com agendas, horários, compromissos e tarefas a cumprir), mas na verdade é passivo e repetitivo porque o principal elemento de mudança não consegue perceber que é ele quem é o repetitivo e pode mudar quase nada com a atitude infantil onde espera que o externo deva resolver suas demandas. E ao externo dedica-se em busca de segurança física e não física com um afinco incentivado por bobagens culturais desrespeitosas ao fenômeno vital. Assim o especialista mais especial é buscado, o exame mais sofisticado e o hospital de maior renome são valorizados, mas o compromisso com a própria vida é deixado de lado na ilusão de que não pode fazer nada por si mesmo... Afinal a merecida vida boa , fácil e prática pode ser atingida quando esquece-se do básico e dedica-se a adular e ser adulado pela família, amores, patrões e mercado. Sem perceber o que faz de modo automático (quase sempre voltado ao politicamente correto para ganhar um brinde e perder–se de si) fica impossível qualquer mudança em qualquer setor do ser vivente (em especial nas saúdes). Perceber já é desafio e, depois que percebe precisará do compromisso de não repetir esse velho e infantil hábito. Com muita atenção (outra dificuldade depois de anos de distração) aos automatismos em cada dia até que isso se torne um estilo de vida: a construção da saúde. Foi de tanto repetir a desatenção que o velho hábito se formou... um novo pode e deve surgir se a auto observação e cuidado ficam focados no cotidiano. Assim a vida fica mais saudável: quando a parceria ativa acontece entre o profissional de saúde (e não de doença) e o ser adoecido. Aqui a meta é reconhecer equívocos culturais para que a energia de vida se fortaleça e traga o viço em cada um de nós que experimenta o milagre de ser aprendiz responsável por si no grande jogo. Assim a cada fim de ano celebraremos os aprendizados que novas experiências trouxeram. E junto virá a alegria de receber o novo e o desconhecido como o aluno interessado em capacitação para o viver. Já está ciente que a repetição e a passividade dependente para com o manejo do presente da vida são coisas para o tempo da infância apenas. Ali a potência e a responsabilidade estavam fora de si. Aqui a coisa está dentro e, apesar de dar trabalho, vale a pena cuidar da saúde observando hábitos (que a vida generosa dá sempre chance mudar) e comprometendo-se com construção de um viver um pouco mais trabalhoso, mas muito menos doente e escravo da manipulação que gera tanto dano... . Como já dizia o poeta: gentileza para com a vida gera gentileza dela para com o humano. O oposto também gera o resultado oposto!

Sou cidadão comum com suposta vida de rei! Na certa ,adoecerei

Quando olho a vida rural da minha infância e volto o olhar para a vida de hoje ,na cidade e fora dela, não tenho como não observar e considerar absurdos que se construíram junto com as promessas de vida melhor sem que nada de negativo acompanhasse o processo... Quando olho a medicina da escola dos anos 70 e o esforço feito nesses 43 anos de prática médica continuada, correndo atrás da crescente complexidade do adoecer vejo como o estilo de vida que prometeu vida de rei ao cidadão muito dano trouxe no pacote de benefícios para as pessoas, famílias, crianças ( em especial) e para as relações com ambiente e o trabalho. Enquanto organizava as idéias, numa consulta com pessoa que acompanho há tempos, conversei sobre o tema e veio junto a questão dos atletas da Etiópia, imbatíveis com suas pernas ágeis em maratonas mundo afora. Ela me dizia sobre os quilômetros a pé que a criança enfrenta desde pequena para ir a escola ( pela pobreza e pela geografia do país) .É isso que acaba por desenvolver habilidades no ser humano por força da necessidade imperativa da vida , com seus obstáculos a serem vencidos todos os dias. A habilidade brota de modo forçado ao precisar dar conta para manter-se vivo e atuante ,para não colapsar. E ,com essa habilidade superdesenvolvida , não tem para ninguém nas competições. Desde 1970 temos a possibilidade de uma vida melhor nesse mundão abaixo do Equador e, de fato, muita coisa melhorou . Do caipira a picar fumo sentando no cabo da enxada ( imagem clássica do Brasil antigo, eternizada em pintura de Almeida Jr.) chegamos aos níveis intelectuais e econômicos muito melhores que, ajudados pelos produtos disponíveis, aceleraram nossa capacidade de montagem de estratégias rumo ao sucesso para que o tempo se tornasse sinônimo de dinheiro e conforto material. Criamos, por intencionalidade de alguém visionário e sem rosto, uma cadeira de uma perna só- esquecemos que várias pernas são necessários para ela poder suportar peso de quem nela apoia seus glúteos, como num trono dourado, Até mesmo paraíso material prometido trouxe danos pelo exagero da sua validação ! a digestão ficou péssima ( pelo alimento utraprocessado longe do natural, pelo engolir apressado), o sono, a respiração, a postura desandaram , o sobrepeso, a vida sentada muito longe da vida Etíope e rural... Se esse, que era o grande ganho idealizado como objeto de desejo máximo , nos trouxe com ele inúmeras consequências danosas. Imaginem o dano do que ficou também muito esquecido pelo falso titulo real que foi dado a pessoas de sucesso dentro do modelo! Esqueceu –se da saúde coletiva ( basta olhar a favela e o faróis com seus habitantes usuais ) e a violência crescente. Esqueceu-se que nem só de pão e conforto eletrônico vive o homem . A vida também perdeu sentido original ,já que sentido era ter apenas uma perna de cadeira para sentar ( na ilusão dela dar conta).. e a depressão assusta. Esqueceu –se da relação dos seres da Terra com a divindade( seja ela qual for) e damos com a cara no muro por não mais poder acessar a inteligência criativa além da polaridade tão incentivada e desenvolvida. Enfim , sobram habilidades para a construção de ilusões e faltam capacitações para lidar com as consequências de uma cultura inconsequente e , devido a isso, estamos adoecendo mais e mais, há muito tempo. Se o consultório é local de suporte para as consequências das sequências equivocadas que nos desabilitam para o viver, ele também pode ser local de alento para médicos e doentes que se dediquem ao novo paradigma do cuidar para curar. Sem a medicina voltada a saúde com bem estar (e pessoas que decidam pela responsabilidade pelo seu bem estar com saúde física e não física ) jamais conseguiremos ao menos permanecer na corrida pela vida. Felizmente isso tem sido possível... mas precisamos de atitude etíope para lidar com a dureza da falsa vida real prometida já que manejar decepções é coisa apenas para plebeus!

Ah! As concessões - das necessárias às que alimentam ao adoecer pessoal e coletivo.

Quem mora na bela bola azul que gira em torno do sol precisa mesmo lembrar de regras a serem consideradas por todo ser vivo que depende desse alojamento . Ele faz sua parte quando oferece, de modo generoso , o que todos precisam . Também pede consideração por parte desses inquilinos em nome da sustentação de um imenso projeto de geração e manutenção da vida...seja a dos seres que aqui vivem, seja do próprio planeta, a nossa nave espacial muito especial a nos conduzir . Somos todos frutos de um longo processo de adaptação que começou na concepção ( ou na germinação das sementes ) e que é muito delicado desde o início. Tudo afeta o desdobramento das etapas e resta à semente ou ao embrião apenas confiar no processo e suas etapas até que aprenda a sustentar-se e ficar vivo . Assim cumpre um papel de troca balanceada entre o ser e o ambiente onde serve e é servido e, não podendo ficar passivo, tem lá sua contrapartida para a roda funcionar. Quando o tema é a saúde o importante é perceber que a manifestação do bem estar depende da vitalidade , algo além da biologia mas que nela interfere pela ação celular em cada órgão do universo corporal . Esse corpo, por sua vez , recebe interferência da atitude do ser para com o fenômeno que é vivido e pede cooperação , ora pedindo uma atitude pró ativa e, outras vezes ,algo bem mais relaxado , como aquele relaxamento cheio de fé que os bebês experimentam no colo de quem por eles zela. No meio desse processo misterioso , nossa máquina de sentir faz o que pode para informar e receber informações nas grandes vias que vão e voltam do cérebro. Com certeza , sentimos coisas que nem sempre são agradáveis em nosso julgamento. Todos pensamos numa autonomia abrangente onde não teríamos que nos curvar e sentir o que foi difícil no começo . Por essas memórias é que desviamos nossa energia para a defesa e para o não ceder ao fluir - o medo do estar a mercê, no desamparo( ou no cuidado que nos frustra ou abafa ) gera uma lógica que que nos endurece . Precisaremos da doença para que o sentir negado possa ser integrado e considerado, mas com um olhar mais habilitado ao jogo da vida. O grande problema é que passamos a não fazer mais as concessões ao fenômeno vital ( o que por si só já é algo terrível) e passamos a construir a falsa autonomia que busca a segurança e as boas emoções que ela poderia gerar .Somos incentivados a construir personagens que serão dignos de bons cuidados e boas emoções que terceiros poderiam oferecer como recompensas vindas através de produtos e ideologias e aplausos que seduzem as crianças emocionais que todos nos tornamos dentro dessa cultura de ilusões(por nós mesmos construída e alimentada). A benção desse nosso tempo é que não é mais possível deixar de fazer concessões à vida que em nós habita e nem está sendo possível alimentar credulidades infanto juvenis fora de hora . Esse mundão de ofertas que muito promete e pouco cumpre não gostaria que cedêssemos ao grande fluxo incentiva o esquecimento da predisposição à aceitação ( que toda natureza acolhe, menos a nossa) - a grande chave , a grande concessão que podemos fazer diante do gigantismo do processo com o qual estamos envolvidos. Na infância até achamos que teríamos alguma varinha de condão para construir paz , mas agora sabemos que somente cada um poderá ter seu canto de paz caso atreva –se a desistir de fazer tantas concessões ao externo( que gera guerra )e fazer as pazes com o interno – aquele que clama para ser considerado e um dia foi negligenciado por uma boa causa. Cada um tem uma biografia e a humanidade também tem a sua em andamento. Cada um está dentro de um tempo , ás vezes mais sujeito a maiores ou menores concessões ao externo mas , seja pelo momento histórico global , pessoal ou familiar, caminharemos para uma vida com mais sabedoria onde podemos sentir de tudo um pouco e perceber que tudo é mesmo efêmero e não existe a criança ideal que ganharia o paraíso de presente pelo esforço. Até a medicina vai precisar ceder ao cuidar da vida e não mais focar no cuidar de doenças- mas essa concessão ainda está na contra mão do doente e da medicina adoecida .

A incoerência e a coerência nossa de cada dia

Onde quer que exista um apelo que prometa ser fonte de alguma ajuda nas dores do mundo, haverá sempre uma legião de interessados e reunidos com uma avidez que assusta pelo fluxo de gente que vem de todo lado – basta ver a fila para compra de ingressos para shows de bandas de adolescentes, a porta de laboratórios clínicos , os locais de atendimento médico “gratuito” e os grandes shoppings centers! Pessoas se parecem com a limalha de ferro que se organiza em torno do campo magnético do imã ...admirável a imensa força de atração mobilizada essas aglomerações ! Temos ainda os eventos esportivos, as praias, os blocos de carnaval... Temos as portas das fábricas e as filas do metrô, assim como as da Previdência ... onde os mirrados reais são buscados pela real necessidade de quem está afastado do trabalho por doença ou idade! Talvez o que mude nessas diferentes aglomerações seja a expressão facial das pessoas : são muito felizes na fila do show, do shopping e da descida rumo à praia e muito depressivas no transporte público, postos de saúde e pronto socorros ! E o consultório médico é o lugar onde vivencia-se experiências com essas expressões que se repetem no pequeno mundo de relações com gente mais saudável ou mais adoecida . O cotidiano de atendimentos é uma mescla de gente que restaura a saúde com a alegria de se reconectar à vida e às relações, de gente que ainda não entende porque sofre tanto, dos que culpam tudo e todos pelas suas mazelas e até mesmo portadores expressões muito felizes com doenças muito graves ...que universo fantástico para os dois lados envolvidos – o do médico e do que busca a “consulta” para obter melhoras. No final das contas ali , em cada consulta e acompanhamento, encontra-se a cultura de coerência com o externo que saberia o melhor para uma boa vida e é coerentemente validado . Essa aposta tão comum no estilo de vida acaba por materializar as alegrias de pouca duração e os dramas extensos de todos nós quando crianças . Vamos mesmo precisar de alguém que nos cuide na infância e isso traz algum alento, mas melhor ainda seria , ao sair da infância, aprender a manejar o viver cultivando a coerência com o interno que sómente as nossas experiências constroem . É com elas que aprendemos sobre os patins, futebol ou as bicicletas e ladeiras. Também elas deveriam ensinar sobre a construção da autonomia que nos dá o alento de sermos capazes de materializar nossas ideias através da coerência com a vida e o que sentimos diante dela para poder atuar . Mas a coerência com a incoerência ( em nome de atalhos facilitadores que seduzem as crianças pelos benefícios prometidos) gerou a contradição que precisamos viver como colheita das ilusões dessa parceria torta com o externo que ilude com suas regras infantilizadoras . Depois de um tempo ,com atenção às experiências realizadas, já seria possível perceber que cada vez mais a coisa fica contraditória. Afinal quanto mais fico coerente com quem diz cuidar de mim, mais incoerente comigo vou ficando , a passividade cresce... e um mar de decepções também cresce sem que possamos escoar todas as emoções negativas acumuladas que nos adoecem desde o mundo não visível. Para tudo isso ser alimentado cada um precisou anestesiar-se sem chorar ou esbravejar diante das decepções ,sempre acreditando que o milagre poderia acontecer para a dedicada criança. Afinal ela segue o que alguém espera dela( e espera o retorno)..! . Caso o choro e a bronca pudessem ser validados por cada um, dando adeus a certas ilusões ,estaria rompido um contrato de promessas de boa vida prometido (mas equivocado) e ficaria aberta a porta de uma cura pessoal e familiar . Enquanto isso não acontece, vamos adoecendo diante de tantas decepções negadas e ilusões incentivadas . Enquanto a opção for a coerência com o externo e suas promessas , colheremos uma vida plena de falta de tempo, de saúdes precárias e de incapacitações para o viver- ou seja , o oposto daquilo que é a base de toda educação oficial , gentilmente oferecida e incentivada. Se nem o doente pensa em desistir , imagina quem o educa?

A saúde, a biologia e as ideologias.

A grande atração para quem escolhe ser profissional da saúde é mesmo a biologia desde os tempos de colégio . Ela determina muitas escolhas e caminhos até chegar ao trabalho que atua na saúde e encara o ser adoecido em suas sensações e funções , sempre ávido por um alivio de desconfortos que a biologia afetada insiste em manter em cada organismo que adoece! Ah os sintomas...bichinhos indesejáveis! Até parecem vir do nada por capricho ! Quando a coisa torna-se complexa e nada do que foi ensinado (e esperado pelo doente ) parece funcionar , os questionamentos aumentam e eles geram emoções variadas tanto em quem esperava dar conta do problema( e estudou para isso) como em quem quer se livrar de mazelas a qualquer custo já que está alí para isso ! Muito profissional chega a adoecer e muito doente desencantado entra na ciranda maluca de experimentar inúmeras opções de cura que fica doente de tantos tratamentos ! Desde que comecei a jornada médica vi a medicina sisuda ,fechada e focada apenas na biologia mudar totalmente de cara, ganhando um ar “pop” com o aumento exagerado de especialidades e tecnologias . Ganhou muito glamour comercial tornando-se produto de mercado e precisou de intermediários com seus planos de doença , muito marketing a “contribuir” para uma excelente prestação se serviços ao consumidor(e adeus indivíduo!) que foge das doença sem saber que mais doente fica nessa ideía da salvação vinda de fora!. Enquanto tudo isso cresce ,crescem também as ideologias vendidas aos quatro cantos para todos nós - e cresce mais ainda a potência complexa do adoecer que atinge a nossa biologia , agora refém do adoecer das demais instâncias sutis que nos tornam crianças crédulas nas propagandas de saídas mágicas . Ficamos cegos às contradições dos mandamentos culturais vigentes pelo entorpecimento incentivado a cada dia. São inúmeros exemplos gritantes dessas contradições e paradoxos que o doente somente começa a perceber quando sofre os colapsos e começa a voltar a si para poder fazer perguntas básicas deixadas no lixão como “não essenciais”- lembra do ouro trocado pelos espelhos oferecidos pelo colonizador ao ingênuo nativo da ” Terra Brasilis “?. Apenas para não ir além do espaço usual no papel que disponho , vale ressaltar o nosso estilo de vida que não prioriza a qualidade do sono, do trabalho, das relações , da comida e do como gerenciar as saúdes pois há mesmo outros níveis no humano . É esse estilo condicionado que adotamos que promove absurdos ao prometer ganhos ao cidadão treinado no conceito equivocado de sucesso nos últimos 50 a 70 anos. O paraíso material a ser conquistado com brutal esforço acabou por desrespeitar totalmente os ritmos biológicos de cada um porque exige um esforço contínuo inviabiliza a saúde através do modo de ver e pensar o viver! Então a nossa incapacitação crescente em perceber-se também não reconhece que há algo de muito errado no reino da Dinamarca quando pais não vêem os filhos e trabalham jornadas abusivas no escritório( ou nas telas do home office), quando a comida ultra processada é ingerida junto com as noticias terríveis , o sono é curto e de má qualidade gerado ás custas de medicamentos “milagrosos”, quando seguimos os slogans sedutores que vão gerar compras desnecessárias em suadas vezes no cartão. São muitos milagres prometidos , são altos investimentos voltados à ilusão do estilo de vida corporativo vigente que alimentamos e também são incontáveis os danos que o desrespeito ao essencial acaba por promover nas diferentes instâncias da saúde individual e coletiva. E a biologia grita... e as medicações abafam o grito ! Tudo sendo alimentado pelo alimentador da ideologia que adoece a sagrada biologia que sustenta a vida em cada ser . Esse alimentador não está somente em um dos lados da mesa do consultório. Não será por decretos , mas talvez por exaustão, mas a biologia ainda vai falar mais alto que as ideologias se cada um puder deixar de ser mais um nativo a admirar espelhos e entregar o ouro a cada suado dia !

A Boa Vontade como escolha para a saúde!

Sempre que na infância ouvia sobre a “paz na terra aos homens de boa vontade “ achava aquilo interessante pois a tal boa vontade nem sempre era algo que movia as ações, principalmente aquelas que as crianças precisam fazer por imposição. Na minha época um banho bem no horário do fim do dia ( feito para brincar e que se encerrava tão cedo ) era tormento ,sempre realizado de modo forçado e com plena má vontade( em guerra com a autoridade)! Depois aprendi que a boa vontade pode ser feita de modo manipulado. Ela é expressada em nome de um suposto ganho onde vendo a imagem de bom menino para ter vantagem sobre os primos, para ganhar um presentinho ou mero elogio . Com isso sendo treinado, adeus à coerência entre o que sinto e o que penso.. a estratégia é fácil e então, adeus à integridade. Em algum lugar a coisa fica entalada- a tristeza que foi negada, a raiva que foi desviada, a excitação que foi represada.... e tais habilidades vão compondo a esperta criatura de sucesso que pensa e aprende a suprimir coisas essenciais em nome do caminho mais fácil. Basta adular com boa vontade que a ação do outro a nosso serviço quase sempre fica garantida ! Falo a partir da minha infância , mas falo também a partir dos valores culturais que foram incentivados e muito valorizados por igrejas, famílias, escolas, associações , classes de profissionais, comércio e suas propagandas e seduções... passaram-se no mínimo 50 anos , treinando o cidadão a ficar na infância pensando em ser um sucesso ...mas o sucesso é mesmo do treinador! A boa vontade genuína é rara pois até ela passou a fazer parte do caminho de sedução para atingir metas ditas positivas almejadas para, com isso, escapar do lado mais pesado . A vida fácil é mesmo sonho de consumo que nos consome ! A paz que a boa vontade com segundas intenções (já tão “normal” )promove é, na verdade , uma coisa que nem existe pois quando uma das partes envolvidas não corresponde, o “querida” e o “gratidão” das redes sociais vira gastrite , insônia ou guerra onde raivas e ressentimentos detonam as relações. Ao olhar no dicionário, observei que os termos que se relacionam à boa vontade do titulo de hoje são :dedicação, benevolência, solicitude, prestatividade, disposição, vontade, entusiasmo, desvelo, devotamento, zelo, simpatia, amizade, graça, estima....( com certeza nada ligadas à venda de idéias ou produtos ) Por coincidência, são palavras que as pessoas que caminham rumo a uma cura ( curando primeiro o que está antes do sintoma físico e quase nunca é percebido como fonte de doença )começam a perceber na sua relação com a vida . Ao abandonar a venda de uma imagem de falsa boa vontade para acalmar suas angustias diante do viver e obter benefícios de modo safadinho, a mãe sábia e pacienciosa chamada vida fica mesmo feliz com a cria e coopera para que ela se de conta dos equívocos ! Gentil consigo, acolhendo direitos e deveres que todo ser vivo precisa considerar, gentil com o outro e gentil com a mãe vida , pode então vislumbrar um lugar de paz onde se coloca também a serviço , escolhendo , de boa vontade, ser apenas mais um elo na corrente . Não mais um elo fraco que enfraquece toda a rede mas um elo que ao curar-se também promove cura ao desenvolver solicitude genuína.

Medicinas, cozinhas e jardins

Tenho pena de quem se mete a procurar caminhos para medicinas , cozinhas e jardins quando se compromete a buscar o que deseja ou reconhece precisar. Para cada decisão de busca um universo mercadológico compete e oferece soluções que acabam por gerar tontura , confusão e mesmo algum dano , como naquelas viagens onde o turista é abordado por vários a quererem lhe vender algo a todo custo! A cooperação sempre é bem vinda já que cada um tem seu talento para idealizar e realizar e há sempre o espaço da ajuda . Tais diferenças geram trocas e complementações interessantes no cotidiano do individuo e suas relações. Elas porem estão tão automatizadas que nem existem mais como pessoas em interação criativa e vivificadora, com ritmo e comunicação... outro dia ouvi de uma pessoa que a dita comunicação toda acontece apenas para terminar no clássico “débito ou crédito senhor?” . Todos se tornaram coisas junto com as mercadorias e serviços com a meta de alimentar o mercado gerador de demandas nem sempre adequadas as reais necessidades necessárias. Para quase tudo tem alguém a oferecer produtos e a capacitação individual está bastante reduzida em cada um de nós, até para fazer as escolhas entre tantas opções. Para tudo tem um “tudo pronto e prático” e super especializado que ajuda em alguns setores e danam os mais importantes por não mais se considerar a cozinha inteira, o jardim e ser adoecido. Desse modo , o que veio para servir( o mercado) tornou se patrão de todos nós . Quando se adoece a coisa complica mais .A que a máquina tecnológica disponível ( para quem pode utilizá-la) pode resolver tudo rapidamente , esquecendo porém que nada vem do nada e se apenas apagar a luz do sintoma vai gerar um andar em círculos por comodismo, condicionamento ou busca pela saída “prática para seus males. Até que morremos de tanto passar por cima dos avisos recebidos pelo adoecer que nada mais é do que a vida a clamar por atenção e disciplina( para então materializar o bem estar que a saúde traz consigo). Então essa passividade do consumidor acaba sendo danosa para ele e seu destino pois terceiros definem uma solução de falso bem estar sem que ele, como elemento ativo, coloque-se a caminho de perceber qual sequência lhe traz essa ou aquela consequência no mundo físico e não físico . Isso resgata a capacidade de decidir por qual é a sua opção... o treinamento é pelo caminho prático que lhe poupa tempo , aquele que anda cada vez mais escasso ,apesar de ser a grande promessa da dita qualidade de vida tão almejada oferecida por terceiros. A idealização é uma capacidade incrível da nossa tecnologia pessoal e terceiros souberam como usar isso a favor deles . Com isso, nos tornamos meros consumidores a idealizar emoções que o mercado gera com suas saídas , serviços s e produtos . Mas já está disponível a alta conta que foi criada pela terceirização facilitadora e tão danosa nos resultados da vida real- Em meio a tantos recurso estamos empobrecidos e doentes, em nome de tantas opções e inovações a feijoada (vegetariana ou não)já está sendo feita com molho de macarrão ( que inovação !) e os jardins estão plastificados e sem vida e limpinhos! Quando isso passa a ser percebido a consciência começa a mover-se para um polo ativo, aquele segue o passo a passo disciplinado para materializar idéias - seja na saúde física e não física ( a que está cada vez mais ameaçada e afeta os órgãos), seja nos jardins cuidados por cada um (e não por empresas que lavam as flores de plástico a cada tempo de contrato ) e seja em feijoadas ( vegetarianas ou não) que tomaram tempo para ficar prontas, com alguém a cuidar mas podem gerar a alegria do compartilhar resultados de uma ação dedicada a uma idéia de amorosidade a si e aos seus. Para isso , muita reengenharia de prioridades precisa acontecer já que as 24 horas do dia pedem priorização do que é essencial e o esquecimento do falsamente essencial foi por demais valorizado valorizado.

"Abundãncia" que adoece e "privação" que nos cura

“Abundância” que adoece e “privação” nos cura! O consultório médico pode mesmo ser uma universidade quando o foco do cotidiano fica além do mero corre-corre de horários e do atendimento das queixas imediatas. Pessoas adoecidas e o médico com seus recursos curativos se encontra e tudo vai depender da meta de quem se trata e promove tratamentos. Quando o foco é entender sintomas e também pessoas é possível perceber que nada vem do nada. Ao atravessar décadas de atendimentos é possível perceber que além das pessoas em si com suas motivações, ocupações e crenças, há também um processo histórico em andamento, sutil por um lado e muito determinante por outro. O treino cultural incentivou o observar pouco em detalhe e o decidir de modo rápido , superficial (e supostamente eficiente), gerando decisões equivocadas com facilidade que muito prejudicam e são pouco percebidas. Houve tempo em que o adoecer biológico era o grande foco e isso era bem evidente no tempo das desnutrições, das verminoses, piolhos, tuberculoses e mais um universo das “ites” da moda. Dava muito trabalho o ensino de coisas básicas para a saúde física, mas era tudo ou nada- casos escancaradamente psiquiátricos (alienados) e gente ocupada por demais para da conta do essencial num Brasil sem dinheiro e sem cultura (de massa e consumo) e sua consequente escassez de recursos, mas com muita vontade de viver e pouca doença mental. Afinal a sobrevivência era a meta ! As coisas “evoluem” e a complicação também, porque a vida mais confortável e abundante tirou de foco certas coisas que eram raras e tornaram se comuns e de fácil acesso. O mercado incentivou uma tendência nossa de idealizar para poder brilhar na vida material e imaterial até nos encontramos saturados nos corpos e mentes e com profunda desnutrição em setores muito mais essenciais que, de novo, merecem atenção. Isso custa caro, pois em cada caso sabemos que há um vicio a incentivar outros vícios e a qualidade de vida e saúde decaem a olhos vistos. O cidadão está mais atolado do que nunca numa geleia cultural que lambuza corpos, almas e espíritos intoxicados pelo não essencial que consome a energia da vida para alimentar o que não nos interessa de fato, mas que tornou se foco de toda atenção. A dificuldade para sair desses vícios ,assim como o esforço necessário e a pouca vontade genuína frente ao brutal condicionamento faz com que a trabalheira aumente no consultório . É esforço exagerado para acessar a qualidade de vida (idealizada nas telas) tão escassa no cotidiano de empresas , famílias e relacionamentos. A cada facilidade que surge para nos livrar dos sintomas , mais eles crescem em força quando ressurgem no mês seguinte em outros órgãos do corpo e na mente. Assim como um rio represado vai alagando tudo represa acima e secando tudo represa abaixo, nosso mundo físico precisa resgatar o fluxo natural e ,para isso, gera sintomas. Rever as escolhas do que vai entrar pela boca( e olhos )para ser digerido e gerar energia para células , virar resíduos por fim expelidos é processo essencial , assim como foi para nossos antepassados . Há pouco tempo tinham comida racionada e viram o valor do básico ser considerado a cada dia . Também se faz necessário rever a avidez pelas “boas” e a negação das “más” emoções que, suprimidas em nome da imagem , ficam retidas e afetam a biologia. Estamos em profunda escassez da simplicidade por medo de exclusão . Durante essa semana ouvi de uma pessoa que ela está com obesidade cerebral com tanta informação disponível que ela deixa entrar, mesmo sem querer, em nome de uma ilusão que o deixa desnutrido de fé em si mesmo, nas pessoas e na vida. Disse que vai optar por viver a escassez voluntária, aquela que os antepassados tinham de modo imperativo por falta de informação e recursos materiais. Jejuemos um pouco . É tanta comida e informação que causa saturação!

Saúde gera cooperação.. que gera Saúde!!

Toda série de crônicas teve inicio na pandemia, há quase três anos, quando a vida foi muito ameaçada de modo assustador. E há anos essa visão médica de construção de saúde é a base de atuação no dia a dia ao acompanhar casos agudos e crônicos- por tempos mais curtos ou tempos mais longos (o que, nos dias de hoje, é uma grande exceção). Numa visão ampliada da biografia, da história familiar e do indivíduo considerado aqui indivisível como Ser de dimensões não físicas, além da biologia tão estudada pela convenção em saúde, é possível perceber que a doença começa com sintomas de desconforto fruto de um estilo de vida e cultura muito focado nas mazelas do início da vida e que se eternizam ao longo do tempo. Esse individuo aprendeu a buscar na razão um caminho e uma forma de ser que lhe garanta um fluir dentro do mistério e do “dar conta”da aventura que deve percorrer. Com isso esse avança tendo como meta a sobrevivência dele apenas e o outro fica em segundo plano, assim como seus sentimentos e emoções. É como um vício que se instala e causa dano de modo lento e insidioso e isso é pouco percebido por cada um de nós e pela medicina que vê apenas as partes do todo ao encarar o corpo físico segmentado e não pode abarcar o enfoque do não visível que é a grande causa do adoecer – uma consciência estagnada que tem muito medo do colapso como base do viver. Assim como as tempestades que surgem “do nada”, a doença é o visível de uma linha de produção extremamente baseada num conflito onde a competição é a base cultural – Ela começa com genitores, família, relação consigo mesmo e também com a inteligência que rege a vida de todos os seres vivos que se guiam por ela. Por tanto medo no começo do jogo torna-se vaidoso e estrategista a ponto de considerar um sucesso aprender burlar as leis básicas do viver. Precisa mesmo adoecer para rever suas bases, mas se apenas suprimir os mal estares físicos e não físicos, andará em círculos até a vida dele e das relações ficar muito deteriorada e inviável. Aí vem a natureza ,mais uma vez sendo nossa mestra ,a nos mostrar caminhos. Em estudos com visão sistêmica da vida do planeta, cada vez mais surgem evidências da rede de comunicação entre árvores e os seres a elas relacionadas. Incluindo nós, a espécie dita especial, mas um tanto quando desconectada de si mesma, ocupada com o competir para sentir se potente e no controle . As árvores devem mesmo estar muito à nossa frente, pois suas raízes são uma verdadeira internet com circulação de dados a serviço de ajuda a vida umas das outras... E olha que não é ajuda estratégica como a que fomos tão treinados (para ganhar pontinhos, brindes e reconhecimentos), sempre a serviço de algum retorno imediato como compensação. Ajudam-se umas às outras fazendo se úteis ao sistema da mata, gerando possibilidades de restauro dessa mata com sabedoria pelo esquecimento da “árvore” com medalhas e forte compromisso com a vida das várias espécies que compõem os bosques, matas, florestas. Aí manifestam infinitos tons de verde e viabilizam a questão essencial do gás carbônico que precisa se acertar com o oxigênio, do elemento água que precisa amaciar a terra e protege-la do fogo do Sol e assim por diante. Esse segundo semestre de 2022 é “O” semestre especial de tantos anos de aposta nesse viés médico- pude viver de perto toda essa magia de cura mais genuína em muitos queridos parceiros de jornada , os seres que cuido ( e que me ensinam a me cuidar) que mantiveram a esperança ,indo além do otimismo tão fácil quando tudo corre bem e desanda quando tudo desaba ! Deve ser assim que o pantanal volta a ficar verde depois do fogo que mata e também faz renascer... Deve ser assim que iremos avançar para fora de um paradigma tão nocivo à vida e tão adorável na sedução das mídias que até se confunde, apostando na tendência competitiva desenfreada enquanto se ilude com slogans de sustentabilidade equivocada. Caminhemos, pois com saúde, a cooperação brota do coração do homem e ele pode servir à vida que está nele e no ambiente ao seu redor. José Carlos T. do Vale -médico

A Jornada Biográfica- do bebê ao idoso!

A Jornada Biográfica: do Bebê ao Idoso Há alguns dias vivi duas experiências importantes: visitar o fim e o começo da vida no corpo físico do humano na figura do sobrinho neto de quatro meses e na figura da idosa que a mãe de anos atrás tornou-se. Precisou ir para os cuidados especiais do final da vida! Eles, assim como eu e todos os demais seres humanos, vieram para essa escola da vida na carne e no osso com o corpo e algo mais que ganha diferentes nomes de acordo com cada tempo e cultura. Mas todos com um propósito em comum: o compromisso com uma jornada a cumprir e precisando um dia se “formar” levando então o diploma e os conteúdos de sabedoria assimilados (ou deixados de lado pelas experiências possíveis por aqui). Antes disso, precisamos de muito suporte que nos auxilie focar em aprendizados essenciais (mas que quase nunca isso acontece, uma vez que o esquecimento é a regra) e também do nosso empenho pessoal em manter o genuíno desejo de avançar naquilo que possa ser útil e gere sentido pessoal, aceitando, ou não, que o controle não está em nossas mãos sendo tudo experiência para nossa alfabetização, ou seja, para a consciência. Nada está a disposição para danar ou gerar preguiça, acomodação, raivas e desânimos pelas dificuldades, mas imaginemos a decepção quando as coisas não saem do nosso jeito e não sabemos manejá-las! A grande professora atua a serviço de uma outra potência e faz as coisas assim: alunos chegam, e precisam vir mesmo, para experimentar um universo inteiro de experiências onde podem se perder, se achar, cair e levantar mil vezes até a formatura e então, ir embora com aprendizados que o aluno, aquele que precisa ser nutrido por uma cultura que lhe garanta sentido e condições de manejo do estar no mundo, assimilou quando olhou para a mestra e confiou, pediu ajuda e não dormiu na aula. Sempre disponível para quem levanta a mão e paciente com os que olham pela janela apenas: essa é a mestra da sala de aula que temos a disposição! Tudo depende da cultura que esse aprendiz recebe no inicio dos primeiros dias (anos) na escolinha, pois, como diz o ditado, “primeira impressão é a que fica”: tem gente que tem experiências pesadas e não fica estagnada por traumas e outros com experiências bem leves mas se apegam nas dores experimentadas e não nas alegrias do estar na escolinha do mundo que começa com a família e depois se estende para os demais setores e grupos. Se no começo não foi possível manter o foco, pois o externo impressionou demais, a vida fará o convite para focar temas que surgirão nas relações com o outro. O primeiro contato é com o grupo familiar, seja para o bem, seja para o mal. É sempre a partir da relação interpessoal que a visão de mundo se instala no Ser! Se concluir que a escola é um lugar torturante e que os professores são ausentes ou cruéis ,isso levará ao desalento e a falta de fé pela vida afora. Com essa dispersão, precisará de outras ajudas para rever conceitos, tais como construir doenças, as grandes e temidas parceiras da consciência (tão esquecida na cultura materialista) e que é a meta final do curso biográfico de todos nós. Apesar de estar profundamente arraigado o conceito de acabar com o sintoma desagradável para tudo ficar bem, esse hábito causa mais danos do que qualquer outra coisa, pois espelha a inconsciência sobre a jornada “escolar” ao longo da vida e o significado de “estar no mundo e aprender algo além do conceito de sucesso vigente”. Que o sobrinho neto, recém-chegado, com tantos recursos materiais e não materiais disponíveis, seja capaz de colher frutos de outra cultura que valorize mais o zelo pela vida e um dia fechar o ciclo em melhores condições que a bisavó! José Carlos T do Vale - médico

Terceirizar, uma estratégia cultural "normal"!

Ao atender pessoas adoecidas por mais de 40 anos assisti a um processo assustador de incapacitação coletiva , sempre incentivado pelos vários setores da sociedade- da igreja , ao grande mercado, da escola ao gerenciamento dos negócios e também ao cuidado de si mesmo à medicina dos planos de doença. Tornou-se normal a regressão ao invés do avanço para a autonomia saudável . Seja pela falta de tempo, pela falta de paciência com as coisas básicas do viver, pela praticidade que traria uma vida melhor rumo ao ócio “ideal” do bebê no berço, pela preguiça e não responsabilização do próprio bem esta - temos hoje um “personal” babá para quase tudo. Para certas coisas essenciais , nem mesmo pagando bem teremos a satisfação do desejo já que nem tudo é mesmo “terceirizável”. Como todo vício que se instala aos poucos , sempre há um ganho inicial que promove o acesso a algo paradisíaco no mundo do que é sentido . Quem não fica feliz quando alguém dá conta de algo que eu deveria fazer mas que tomaria espaço do meu dia , ocupando-me com deveres abrindo mão dos prazeres ou das ocupações intermináveis que geram o salário ? A sedução do conforto “merecido” e da passividade indolente é muito agradável. Temos até a historinha da rã que quando colocada em água morna na panela fica tão a vontade e desconectada de si que não percebe que a água foi esquentando aos poucos e , com essa distração , acaba fervida e morta pela desatenção a sua realidade que foi desconsiderada . Assim estamos nós e , por causa desse estado ,tanta coisa tem sido necessária para que , ainda que no “tranco”, resgatemos o cuidado que todo ser vivo precisa ter consigo mesmo( para manter se vivo e saudável )- cuidar de atender suas necessidades vitais , sem descanso e com leveza prazeirosa . A disseminação do atendimento aos desejos de modo exacerbado afeta a sanidade de todo sistema humano e atinge proporções alarmantes em todos os setores. Ao invés da alegria de estar no planeta, parece que queremos escapar dele com as coisas mais difíceis que a realidade também traz, mas tememos a morte por demais para pular fora. Aqui a polaridade é a base da manifestação da vida e ela pede alternâncias de opostos. Não é mais necessária ( para uma parte da população)a escravidão física para ter básico como nossos antepassados , mas também não é necessária a escravidão emocional dos dias de hoje onde alguém faz quase tudo quando paga-se pelo produto ( nem sempre de qualidade) . Mas o preço que se paga para poder pagar torna-me uma rã alienada que fica viva e deprimida ou acaba cozida por não cuidar de si mesma . É um trabalho árduo, repetitivo e diário esse viés médico que entende o valor de cultivar e fortalecer a saúde ser muito mais interessante do que adoecer por maus tratos que o próprio doente faz com sua vida . Em tempos de uma farmácia em cada esquina e medicamentos potentes que anulam os sintomas rapidamente ( sem que o individuo tenha que assumir nada de mudança para melhorar de fato), fica cada vez mais extenso o dano da terceirização que saiu do mundo das elites para chegar ao cidadão comum atendendo o desejo de poder sobre a vida que olha para tudo isso e sorri. Ela aguarda o momento da cobrança por tanto descaso ao sagrado cuidado nosso de cada dia!

Tudo Leva um Tempo!

Quando comecei atuar com a medicina não convencional ,há 33 anos, vivi tempo bastante motivador por perceber e receber ensinamentos de acordo com as leis universais (regentes da vida no planeta ) e , com isso , prescrever de modo diferente e mais lógico tratamentos voltados à saúde, para pessoas adoecidas que se vinculavam a esse viés de trabalho. Ao seguir as leis de cura, tão admiráveis e certeiras, retornava-se para um estado de melhor saúde e melhor compreensão dos processos que sempre regeram a vida . Numa velocidade impressionante o médico, o doente e a sociedade adoeceram mais e mais por acreditarem nas facilidades ilusórias que tomaram conta da lógica cultural . Nela , a passividade diante do essencial para a saúde foi incentivada , enquanto o desespero apressado (porém passivo) para comprar uma caixinhas solucionadoras da doença que eles “tem” , foi muito estimulado e o acesso cada vez mais caro e facilitado . Temos milhares de balcões disponíveis com incontáveis produtos a cada esquina, quase um mercado de inúmeras opções “ pegue ,pague e cure -se “ . A cura pede a percepção de que nada vem do nada- a vida que foi desconsiderada e reagiu aos poucos , com algum mal estar aqui e acolá, até que se instalem sintomas gritantes que todos queremos nos livrar em um dia . Seria o mesmo que esquecer que o carro , sem água nem óleo por descuido do motorista, fica mesmo estranho no seu funcionamento e surgem luzes incomodativas no painel. Nós, os doentes\motoristas , chegamos a um ponto de buscar todos o mais modernos recursos para sumir com a tais luzinhas incomodativas sem ao menos querer dar se ao trabalho de descer e abrir o capô! O adesivo apagador de luzinhas precisa mesmo num “drive through” prático de” pegue ,pague e cure-se” para poder tocar em frente e dar conta de atender demandas inumeráveis e inadiáveis. Assim os motores ficam fundidos e o prejuízo aumenta... Imagina como fica a qualidade de vida e de morte que esse doente\motorista equivocado está a materializar dia após dia !!! Os ditames de um modelo que desconsidera a vida e suas leis foi adotado com alegria infantil pela praticidade, mas promoveu o esquecimento que o dano acontecerá em nossas vidas como resultado de um cultivo descuidado! Dia após dia , com dedicado atendimento aos condicionamentos do descaso ao essencial , as coisas vão se materializando – isso vale para nossa horta, jardim e bem estar . Também para a nossa doença que gera sintomas progressivos, indo do invisível para o visível , mostrando seus brotos antes mesmo que ganhe um nome , uma etiqueta , que torna o doente dono de uma patologia! Quando se dá conta , a vida ficou aquém do esperado e inviável! Para o sintoma perder força ( de fato) também é preciso seguir um caminho inverso ao que foi trilhado para que ele tenha se manifestado . O sistema vivo precisa receber a ajuda de quem indica caminhos de restauro e também receber a ajuda de quem adoeceu ,responsabilizando-se por revisão de hábitos que degeneram a vida ao aceitar o condicionamento cultural da desatenção por si , pelo sim vicioso do consumidor e seu condicionamento que vai minando a saúde de pessoas, famílias e sociedade. Seria então fundamental lembrar que reconhecer crenças geradoras de comportamentos aparentemente válidos (ensinados à revelia de modo acintoso pelas influências midiáticas) como passo essencial quando se fala em processo de cura . Se o fruto nunca aparece ou não corresponde ao que pensávamos ter semeado, é necessário reconhecer o equívoco, limpar o terreno e começar com novas bases com dedicação e paciência do agricultor , do jardineiro e talvez de uma medicina voltada para a construção da saúde e do bem estar individual e coletivo. Mas isso também pode levar tempo !

Saúde e limites na busca da inclusão

As tribos eram grupos onde cada componente tinha garantido o seu lugar de acordo com o conceito de grupo , elemento fundamental para o individuo existir dentro de um sistema voltado a proteger, limitar e também dar suporte a vida. Uma vida maior é alimentada por cada vida menor que pulsa e faz pulsar o conjunto que, por sua vez ,pulsa dentro do ritmo maior da vida e suas oscilações dentro de maior ou menor expansão ou retração como manda o imperativo da vida no planeta desde que o mundo é mundo! As tribos foram se modificando e perderam a voz e a energia originais com a chegada da importância que se deu ao “eu” sózinho que deveria estar acima das hierarquias saudáveis a serem respeitadas para ganhar destaque e admiração. Corporações mundiais tornaram se deuses que salvam esse ser vivo que quer competir e brilhar fora dos contornos tão difíceis e asfixiantes de uma família ou de um grupo de famílias daquilo que foi um povoado com suas belezas e entraves. O incentivo ao “eu”, um processo necessário para o humano, quando passa dos limites gera algum beneficio ilusório e muitas incontáveis mazelas para a vida - seja a do próprio individuo , a da suas relações com pessoas e ambiente e para com a vida planetária . Dentre as confortáveis ilusões temos o efêmero “podium” para esse ser especial que sente se um sucesso , assim como a criança sente-se quando ganha a medalha de destaque como a mais inteligente numa sala de aula. O brilho é efêmero e faz o poder externo crescer sobre esse inocente ser seduzido pelo brilho . Aqui começa o pacote de mazelas pois custa caro manter o estereótipo de sermos especiais aos olhos da autoridade que está fora de nós. Terá admiração de alguns e a inveja rançosa de muitos que ficaram tristes e raivosos pela exclusão gerada quando se promove o brilhante ser notado pela plateia poderosa. Terá a alegria de ser especial e também vai descobrir o imenso esforço que isso vai trazer . Precisa cercear-se para não deixar transparecer sua ignorância - afinal ninguém é completamente inteligente em tudo e sempre haverá alguém mais completo e brilhante. Existem várias inteligências e temos valorizado apenas uma - a que valoriza o paraíso material que se conquista de modos variados ,mas quase sempre matando a vida que nos foi dada , nos habita e pede zelo para manter se até que seja extinta naturalmente ou não . Em 43 anos de medicina vi apenas doenças( físicas e não físicas ) crescerem em nome e em complexidade enquanto o paraíso material foi excessivamente incentivado por todo um modelo vendido aos quatro ventos , ressaltando o sucesso que deveríamos buscar de modo isolado dos demais para não cair no grupo fracassados( e deixados de lado). Essa inclusão nas listas das crianças ávidas pelo “Top”, isoladas no topo da pirâmide das ilusões custou muito caro e os danos estão aí para que possamos gerencia-los ou não . A construção do “ser humano de ouro”, perfeito segundo as idealizações, que já mora em cada um é o foco de estímulo no modelo vigente e, enraizado, destrói qualquer possibilidade de saúde( física e não física ) pelo vicio da inclusão a qualquer custo . Ele exclui valores humanos básicos para as relações do individuo com o outro ser humano ( que não é escravo ou senhor de engenho) , para com o planeta ( que não é um incansável doador para alimentar o necessário e o exagerado supérfluo ) e para consigo mesmo já que o humano é desdenhado pelo iludido “pop” que não pode acolher a humanidade que habita em si mesmo . isso acaba por gerar a destruição da vida junto com seu entorno( tal como os tumores malignos ,destroem o sistema vital querendo toda a energia para si ) . Que o movimento de inclusão genuína comece em cada um e ele reverbere até que possamos sentir de novo a tribo dos iguais , a dos humanos. à qual todos pertencemos desde sempre.

Sustentabilidade ilusória é sustentável?

Palavra cada vez mais presente no dia a dia através de conversas , telas e propagandas , das falas de jornalistas que entendem “ das coisas” e também de quem precisa vender produtos e idéias com belos slogans . Sempre há uma plateia disposta a aprender o “como dar conta” da grande incerteza que cresce no horizonte depois da mudança que os dois últimos anos exigiram . A sustentação implica alimentar o que dá suporte e retroalimenta processos para algo permanecer vivo e saudável ao longo do tempo, mesmo que fique claro que, no planeta, tudo muda depois de uma plenitude fugaz ou mais duradoura. Desde os fios que sustentam uma marionete, às raízes e caule que sustentam árvores, o modelo que dá suporte ao nosso estilo de vida (e nossa saúde ) também precisa de sustentação para que a vitalidade gere a manifestação daquilo que é sustentado para então mostrar sua exuberância e saúde, cumprindo sua meta . Enquanto a pro-atividade e dedicação voltadas ao externo em favor de sustentar o que é mera ilusão de progresso , a realidade de dano é construída silenciosamente pela passividade diante do que é essencial : por isso o conforto genuíno e bem estar saudável desandam a galope. Essa discrepância de sustentar o insustentável pode ser reconhecida com facilidade e quanto mais se observa, mais se observa a contradição entre o discurso e o âmbito da ação. As filas de exames em laboratórios, pronto socorros e de agendamento de consultas mostram o ralo da teoria da qualidade de vida idealizada por ideologias vendidas e incautos seguidores a serem influenciados na ênfase ao não essencial . Assim como o livro de receitas não faz o prato aparecer na mesa, sem a ação concreta do cidadão, consumidor e doente presos à ilusão pensam que exames salvam, que a medicina é o vaticano da ciência (que leva ao céu do bem estar )e que o mercado está aí com seus produtos físicos e ideológicos para seu bem ! Na verdade o consumidor não é sustentável como personagem ocupante de nossas vidas pois ele acaba com a saúde e qualidade de vida do individuo que terceiriza tudo , até a responsabilidade sobre a própria vida, dignidade , saúde e educação dos filhos . Tudo que está vivo, incluindo o próprio planeta , atua de o modo incansável para oferecer algo que sustente a vida e ela se manifeste com beleza e harmonia. Apenas o ser que almeja tanto usufruir esquece disso e acaba dando a própria vida pra quem oferece o atalho .E nossa espécie maltratada manifesta sintomas de doença grave. A sustentabilidade somente pode ser real se sair do mundo da publicidade e voltar para o universo de cada um como meta a ser atingida , fora da avidez por receber esquecendo se da contrapartida essencial- uma ação sustentável onde doo algo para vida , para ela não cair no enfraquecimento pela desnutrição que ofereço a mim e ao outro ( apesar de tantos produtos prometendo a saciedade que não chega nunca) ou saindo da intoxicação gerada pela avidez por tantas coisas disponíveis sem qualidade . Para o individuo ter coragem e força de esquecer o supérfluo o ambiente social precisaria abrir mão de coisas insustentáveis que são objeto de desejo geral - mas entre isso ser revisto e a saúde ser esquecida ,o segundo item parece ser mais cômodo e palatável. Afinal, quem é um sucesso em nossa cultura tem apenas avidez pela posse dos direitos para sua imagem . Para todo o resto restam os deveres. A Sustentabilidade lamenta e cobra pelo equívoco com doenças mais graves e mais complexas .É pelo exagero do esquecimento que somos convidados a lembrar do tema!

Para que o sol possa entrar!

A prática médica convencional pode nos oferecer vivências incríveis - tanto para médicos como para doentes, mas a prática que vai além da convenção não tem comparação quando é observada e acolhida pelo profissional de saúde e pelo individuo que busca caminhos de restauro para a saúde . Todos querem o super especialista (que tudo sabe sobre algum tema especifico ) para livrar se do sintoma desagradável e incapacitante e muito recurso dispendioso é oferecido por um universo que diz ser a luta contra o sintoma a grande solução. Nunca numa faculdade da área de saúde é validada a busca de compreensão dos sintomas como um grito da vida pelo mau trato que lhe é oferecido dia após dia em cotidianos que prometem benefícios às custas de muita desconsideração ao quesitos básicos do viver, tanto nos aspectos mais visíveis e grosseiros até os mais sutis ,que sequer são lembrados Há muitos anos coube á área da saúde ocupar se apenas do mundo biológico com suas mazelas e a área religiosa institucional do mundo não físico e tudo que ele gera no universo do sentir ....até que a psiquiatria psicologia foram "nascidas" para atender o mercado do que escapava da medicina e das grandes religiões . Conforme o estilo de vida foi desandando para o materialismo como a grande solução para a felicidade (através da produção ou consumo de produtos em larga escala) o paraíso virou sinônimo de felicidade material e esqueceu se que a individualidade precisa ser nutrida no mundo emocional e também espiritual. Então a medicina se adapta ao mundo psicológico como coadjuvante mas o divino ainda é negado na ciência oficial com sua hegemonia, assim como a fé oficial não dialoga bem com a ciência da matéria. Em recente experiência com pessoa adoecida que não se perdeu na confusão materialistapsicológica (de maneira tão comum nos dias de hoje) tive a grata oportunidade de ouvir uma fala de simplicidade curativa especial : " Sabe , não sei o que o remédio homeopático fez comigo mas hoje, ao pegar meu bordado na sala escura, abri a cortina e o raio de sol bateu nos meus pés . Eu me encantei com aquilo...no mesmo momento eu disse a mim mesma: o sol sempre esteve ali e eu não me beneficiava da luz porque eu mesma mantinha a cortina fechada. Acho que foi por isso que andei tão mal de saúde e deprimida- preciso me abrir para receber ajudas e inspirações que me tragam clareza para enxergar a mim, a vida os processos que atravesso. Afinal é a luz que tudo esclarece e tira duvidas tolas". Onde isso vai dar , somente os dias seguintes dessa vida poderão mostrar mas esse ser resgatou uma consciência que é a chave para a curar do mais sutil para o mais visível- a consciência de que perceber é diferente de apenas ser informado e raciocinar. É outra inteligência que foi acessada e , com certeza ,ela é mais útil ao viver já que , através do coração nos conectar ao Todo e sair da solidão do "eu " sozinho que tem medo demais e esforça se para esquece-lo ou supera-lo de modo equivocado. Com isso a saúde agradece e a pandemia pode trazer o seu legado mais importante- o resgate da clareza sobre nossa condição humana como manifestação universal a viver ciclos para ganhar luminosidade. Celebremos!

Pulsantes Processos

O primeiro trimestre de 2022 apresentou ,mais uma vez, um aceno para a retomada da vida num suposto pós-pandemia e o consultório vivenciou novamente um misto de esperanças, medos, tristezas e também irritações- tal e qual no primeiro trimestre de dois anos atrás quando o toque de recolher bateu forte e de modo imperativo. Naquela época , toda uma sociedade acostumada a um esforço (aprisionador e despercebido) para negar a vivencia dos limites precisou ceder a uma realidade impiedosa que exigiu o manejo das restrições e das incertezas. As certezas antigas colapsaram e a duras penas, por medo da morte, o recolhimento se fez necessário pela realidade e pelo espetáculo de confusão que tivemos que assistir em nome de “tudo para nosso bem”! Cada um reagiu, esforçou-se e adoeceu como lhe foi possível- sendo que alguns perpetuaram a onda emocional de reação aos fatos mais do que outros (e também adoeceram mais). No ano seguinte uma adaptação possível com cada um precisando lidar com sua capacidade de alienar-se, debater-se e enraivecer-se, gerando assim uma vida tolerável por não ter outro jeito mesmo ou por ter avanços na visão de si mesmo e da vida. Era muito incentivo à evitação das restrições que a vida sempre apresentou e também muito incentivo à evitação do que era sentido além de viver para pensar e consumir para ter vida falsa e compulsivamente feliz onde consumir ajudava a esquecer mazelas. Foi muito sofrido abandonar distrações e afastamento do lado duro da vida que tem lá seus trilhos para que possamos fluir e que pedem respeito. Fizeram os bebês saírem do “play ground” e voltar ao aperto para relativizar a ilusão de expansão desmedida vendida pelas mídias. Agora é como um bebê precisando nascer, depois que se acostumou ao útero( apertado demais em 2020), mas agora moldado ao tamanho do bebê (ou o bebê encolheu se para vir a caber nele). Aí o drama volta a aparecer. Já não insistimos tanto nossas teimosias com o ceder à realidade restritiva anterior, mas o enfrentar a realidade com consciência de que o viver é maior do que nossas ilusões e exige coisas muito além do comprar e pagar por produtos e ideologias . Cada tipo humano tem lá seus temores, talentos, dificuldades e tendências, mas , seja lá qual for o nosso tipo, fixados em adorar expansões e odiar restrições (ou vice versa), chegou a hora se restaurar o aprendizado da validação dos dois polos opostos e complementares que nos habilitam para estar no mundo. Ao reconhecer esse fluxo alternante podemos ganhar uma boa chance de respeito a ele e evitar o adoecimento por querer as coisas do nosso jeito . Podemos gerar bom autoconhecimento sobre quem somos, lapidando ilusões de potência (que e existe, mas é relativa) e de impotência (que também existe, mas é relativa), até que entremos em sintonia com o grande baile e sua orquestra de diferentes ritmos. Daqui da minha janela olho o entorno e me dou conta de que pássaro,árvore e minhocas se adaptam e dançam a dança da vida, pois não descobriram a ilusão do controle diante do inexorável pulsar.

Voltar para casa!

A cachorra tinha medo de chuva e gostava de ir para a rua. Até escalava alambrado para seus passeios matinais e visitas às lixeiras dos vizinhos! Tremia ao menor sinal de chuva, ainda que ninguém a percebesse e,numa segunda-feira chuvosa, ficou ao meu lado, grudada, enquanto eu atendia consultas pela internet até que a chuva de verão veio e passou. Aí ela se enganou: saiu para passear após a chuva e veio outra mais tardia e imprevista. Foi devido a ela, pelo susto e medo que perdeu o rumo de casa, desapareceu no mundo. O desconsolo geral toma conta da família quando esse tipo de coisa acontece e lá se foram 30 e tantos dias com questionamentos e hipóteses inúteis, principalmente a cada chuva de verão barulhenta que caía. A cada dia menor a esperança até que alguém a viu a uns 7 km de casa, numa encruzilhada e o recado chegou pela telinha do celular. De imediato, lá fomos nós rumo ao resgate e a encontramos numa banca de frutas com outros amigos cães, todos minguados mas solidários nessa vida muito livre, com os percalços de quem não tem dono – mas tem o mundo. De início parecia sonolenta ao acordar do cochilo sob a banca mas, aos poucos, o reconhecimento foi inevitável com a cauda a se agitar e o ganido de alegria tomar conta dela e de nós no reencontro com o bicho, que a essa altura já tinha virado artista da casa. As costelas estavam bem aparentes e o pelo sofrido precisou de banho imediato de mangueira com sabão e escova, ainda meio que a contragosto, mas fez bom efeito. Assim retoma o lar gerando e sentindo alegrias, tal como quando podemos resgatar um reencontro com nossa instância que abençoa e aceita quem somos. Um reencontro que nos libera de tanto esforço para a inclusão amorosa acontecer, desde a nossa origem dentro da jornada biográfica -o entorno nos acolhe e nós nos acolhemos dentro de um limite de conforto onde alguma concessão é feita, mas ela não nos aprisiona a ponto da busca pela segurança tirar a saúde e pelo contorno exagerado à expressão do que sentimos. Enquanto escrevo, está de novo cochilando na paz ,deitada no tapete ao lado da minha mesa. Como é bom observá-la e sentir a paz de estar em paz dentro do quadrado que a acolhe e a protege dos medos das intempéries. Tomara que todos possam também sentir a volta para casa após cada desgoverno que os medos do desconhecido promovem e que, nessa volta, possamos ter uma vida mais a vontade. Em tempo, a criatura chama-se MEG e deve ter aprendido (e ensinado) coisas com essa jornada onde o destempero e a desatenção levaram-na à mais uma experiência... Estamos na vida para isso mesmo – experimentar e aprender a cada experiência, seja ela uma experiência de acolhimento ou expansão de limites (com algum critério, pois quando o medo comanda a experiência, a volta para casa faz o bicho ficar bem magro e as costelas aparentes!).

Existe uma guerra! Onde mesmo?

Depois que o vírus cansou os expectadores expectantes sobre seus destinos de vida ou morte, uma novidade surgiu e o show, que deve sempre continuar, apareceu com um novo atrativo, mudando a temporada exaustiva dos últimos 2 anos! A guerra já tomou conta das telas, inundou casas, corações e mentes e acendeu a feira de opiniões nas ditas redes “sociais” onde cada um lê e emite julgamentos de acordo com sua bagagem de conceitos acumulados pela cultura assimilada que lhe determina o olhar e o agir. Entre o novo medo (e a velha mania de apenas reagir a ele) e o convite de olhar para dentro, muita oscilações de humor e veredictos acontecem. Talvez o mais importante acabe ficando para trás. Assim como aconteceu com malvado vírus que nos assustou (e também deixou um possível legado de mudanças), essa situação atual também pode ser olhada de modo menos Reativo e mais benéfico. Um caminho mais Ativo de olhar, sentir e pensar (para depois agir) pode ser bem mais útil à saúde, mas ele depende do resgate da atenção sem tensão sem a qual o indivíduo (não o mero consumidor de ideias e produtos e espetáculos) não dá conta de tantos estímulos que o externo envia todos os dias. Deve haver funções além de meramente emocionar e promover reação e distração do que é essencial. Lembrar que as doenças nascem também de uma guerra que se inicia nos primeiros anos de vida (às vezes até mesmo dentro do útero) e ela gera sintomas que vão dos mais sutis aos mais gigantescos, pode ser um recurso importante para todos nós. A luta em cada um vem da busca de segurança a qualquer custo e, nesse desespero, muito poder é dada a ilusão de controle para gerar poder. A inteligência pequena da nossa cabeça é boa estrategista para gerar defesas e ocultar vulnerabilidades tão assustadoras na infância (deveria se menos assustadora no adulto). Ela nos faz acreditar que a saída virá de uma força de controle sobre tudo e todos e não de um jeito habilidoso para manejar o viver. Com isso a tirania do pensar sobre o sentir toma toda uma biografia e somente resta à vida um adoecer para o individuo tornar-se mais integrado entre o que ele sente e pensa na hora de agir. Assim como o grande país que invade o pequeno por medo do que pode acontecer com seu destino, nós também metemos os pés pelas mãos em nome de segurança, somos tachados de truculentos e competitivos porque precisamos manter uma imagem que promete segurança e sucesso e esconde o medo. A guerra é constante e é muito difícil que o desconsiderado passe a ser considerado um aliado e não um inimigo. As inteligências que dispomos precisam ser sinérgicas para que possamos atravessar nossa biografia com saúde e coragem de viver e não meramente de se defender da vida pelas dificuldades que ela traz. Negar o que sente e evitar experiências por medo custa caro em todos os sentidos e gera guerras internas que nos adoecem nas diferentes instâncias. Enquanto doentes e médicos não se ligarem nessa arte de cura que respeita a integridade e não a separatividade dentro de cada um, nossa garganta (tireoide e expressão) vai sofrer muito pois ela está exatamente como estreito canal, fronteira de dois gigantes que ainda precisam muito dialogar para gerar potência genuína e não supremacia tola da razão sobre sentimentos e emoções que moram no andar de baixo! Cuidemos da guerra dentro de cada um de nós -assim ela perde força fora de nós também… e não é pelo caminho contrário que a coisa pode mudar.

O que gera poder quando o assunto é saúde?

Ontem no grupo de Whatsapp de moradores da minha região apareceu alguém pedindo ajuda porque havia esquecido seu antidepressivo no escritório. Precisava de alguém que lhe emprestasse quatro comprimidos para o final de semana e de imediato foram oferecidas algumas marcas mas não serviam. Também vieram uma série de sugestões de nomes de médicos do Youtube que falam de suplementos para uma vida mais saudável (e olha que a lista era bem grande!). Em cada canal um expert a falar e prescrever e do outro lado da tela o povo a comprar aleatóriamente o que é “bom para você”, assim como nas propagandas dos refrigerantes e salgadinhos que danaram a saúde coletiva nos últimos 40\50 anos ... Fico impressionado como tudo é sabido mas as coisas ficam cada vez complicadas . Deveria ser o contrário... afinal já sabemos tanto de tanta coisa e também até sabemos de cada produto que é bom para tal sintoma, mas apenas as farmácias das grandes redes se multiplicam em cada esquina - deveria ser multiplicada a saúde e não os produtos para doentes ou suplementos milagrosos para resultado sem empenho do sujeito! Alguém comentou essa semana que consumidora morreu ao tomar chá com 50 ervas aprovado pela ANVISA !!! Talvez esse caminho seja o mesmo que nos leva a cozinhas planejadas com muitos recursos e modernidades, com menus incríveis disponíveis nas telas dos eletrônicos que nunca são materializados... Talvez seja por isso a explosão do mercado de comida entregue na porta das casas, já que a terceirização das práticas culinárias (e de tudo mais) faz com que a informação sobre saborosos pratos apenas seja possível se for comprada e alguém entregar -o único gesto concreto é pagar para por na boca (vendo alguma tela, provavelmente). Aos poucos, toda ação que gerava saúde foi deixada de lado, pois o tempo deveria ser usado para outras coisas mais importantes (para o mercado ), com forte apelo de compensação pela vida sem tempo preenchida com ocupações que permitem o indivíduo fazer parte dos eleitos que podem consumir. Caímos no paradoxo -com muito empenho para poder usufruir, adoecemos e ficamos presos às dietas restritivas, à insônia pelas preocupações, às terapias sem fim para dar conta de coisas básicas, ao imenso conflito entre o que sentimos e pensamos... O alento surge quando lembro que o império romano teve seu declínio depois de muitos anos de expansão. Então, uso um mantra que remove emoções despertadas pelos atendimentos e acontecimentos :-“Isso há de passar!!!" E não passará por decretos de autoridades, passará pelo aprendizado que a experiência de sofrimento gera em cada consumidor por esquecer que (sendo um adulto de fato) as ilusões levam mesmo à decepção com toda sua linha de produção emocional e biológica (dores físicas e não físicas) O alento também surge quando ,no meio desse caos de informações contraditórias que chegam o tempo todo, escuto diariamente relatos de redenção ao sofrimento que a doença causa -uma redenção disponível para quem desperta para a responsabilização de seu bem estar, fruto da consciência que deixa saberes inúteis por algo mais útil ao bem viver físico e não físico -o cuidar para poder curar!

Ano novo... Mas com quais hábitos?

A roda do tempo deu mais uma volta e vale a pena lembrar a qualidade de giro dos últimos meses onde a saúde (além da mera imagem de pessoas saudáveis apenas) tornou se estrela, nem tanto por ela em si mesma, mas pelo perigo da morte que cresce quando ela desanda. A roda da medicina também girou e muita gente que não tem nada a ver com o assunto tornou-se “influencer” com seus salários pagos pelas empresas de Tevê, jornais, partidos políticos e encontraram olhos e ouvidos ávidos por informação que mais confundiu do que esclareceu. Também não faltaram nas telas do “pop” os profissionais de saúde em todas as áreas que contaram com o massivo apelo de marketing das mídias que vendem de tudo - da fé ao refrigerante, dos remédios milagrosos (para quem os vende) às ilusões dos comerciais da qualidade de vida aparente, baseada no consumo de produtos e ideologias incentivadas como produtos em moda a cada estação. No oficio diário, na oficina que é o consultório, pouco tempo sobra para especulações ou estratégias mercadológicas e, felizmente, o tempo de atuação em atendimentos faz diferença no acompanhamento de pessoas e no reconhecimento que elas dão ( ou não ) pelo trabalho focado em saúde,principalmente quando se faz uma medicina que contempla a saúde física e a saúde das demais instâncias que compõem cada SER que somos, dentro da grande rede da humanidade. Houve um tempo onde o clinico classicamente ocupava-se da doença biológica, mas ,nas entrelinhas ele ancorava , dava suporte para as demais instâncias de modo a gerar no SER adoecido sentimentos positivos que muito ajudavam nos processos de cura. Muita coisa mudou e aos poucos a complexidade tomou conta de rotinas para doentes e médicos. A coisa evoluiu a tal ponto que a tecnologia trouxe recursos magníficos para algumas demandas e péssimos para outras. O ganho principal foi o aumento da longevidade e o dano maior foi promover a “coisificação”dos dois lados da relação médico paciente. A coisa ficou muito feia e confusa pois vínculo e comprometimento bilateral tornaram se ilusóriamente desnecessários juntamente com os aspectos imateriais que favorecem o adoecimento e a cura... Com tudo isso a doença ganhou mais espaço, tornou se muito mais esperta e afetou instâncias que são como maestros e a liderança da orquestra. Quando estão adoecidos fazem os músicos perderem a harmonia e o ritmo. Com isso já não basta tratar sintomas, eles são o que pode ser percebido na orquestra desafinada. O músico(corpo) não tem culpa. E aí surgem palpites de toda ordem pois a meta é melhorar o desconforto da perda da harmonia e ritmo com consultas que desconsideram a visão do todo e entendem muito de som de um instrumento apenas sem considerar maestro alcoolizado e o musicista . Quando estudei homeopatia há 33 anos ouvia dos mestres da Associação Paulista de Homeopatia : Quem tem um médico, tem um médico... Quem tem dois médicos, tem meio médico... quem tem três, talvez tenha nenhum. Sábios mestres e triste mercado que oferece tanta novidade que pouco resolve já quw não se considera o básico dos básicos-: o cuidar da vida física e não física para adoecer menos e com doenças menos complicadas. Que venha um estilo mais simples e zeloso para uma vitalidade mais eficiente e doenças que possam ser vencidas pela parceria ativa do doente (e não do consumidor de recursos de saúde e passivo) e do cuidador\educador comprometido com o sagrado fenômeno vital que reclama dos maus tratos pelos sintomas físicos e não físicos.

Luzes, para que?

Elas estão de volta mais uma vez!! E pela segunda vez voltam dentro do espirito da pandemia natalina com toda a atmosfera que estamos mergulhados há quase dois anos. Sempre que o final do ano se aproxima as luzes se acendem nas casas enfeitadas ,nas ruas e vitrines ressaltando o que interessa para o ciclo festivo anunciado pelo calendário ano após ano- estejamos ou não dentro do que esse externo nos convida a celebrar dentro do que se convencionou . Elas deveriam não apenas ocultar o escuro de dentro ou ressaltar produtos ! A celebração externa pode ser mesmo( ou não ) a expressão de algo que vem de dentro e é manifestado externamente de modo a tornar visível algo que contribui para o bem estar de todo ambiente que por sua vez , quando mais harmônico fica , mais pode despertar harmonia em cada um que nele está. A festa das luzes nasce na noite mais escura do ano( no hemisfério norte) e nós também chegamos ao mundo quando encontramos a luz no final da gestação , avançando para esse lugar amplo e luminoso que faz contraponto com o canal apertado e escuro do parto. Viemos para ser luz ou para buscar falsas luzes por ter esquecido quem somos? O Natal nasce para ser comemorado orginalmente como o nascimento do Cristo, a luz do mundo e um marco na biografia da humanidade - mesmo na maior adversidade a luz marca a possiblidade da luz nos guiar, esclarecer e nos aquecer .Sofreu adaptações e distorções variadas de acordo com conveniências corporativas que acabou escurecendo o interno apesar de incentivar tanta luz externa . Assim também ocorreu com cada um de nós : quando viemos à luz perdemos a clareza de certos aspectos humanos e caímos na sensação de isolamento e separação ao sair do útero e ter o cordão umbilical cortado e sentido grande solidão . Dentro da adaptação à realidade da vida no mundo físico a inteligência racional precisou dar conta de nos ajudar a sobreviver diante de todas as mazelas e demandas dessa ilusão desconexão (que tanto assusta a todos nós ) . Caímos no excesso de informação “inteligente “ para conter o medo e o espanto diante do mistério . Fez sua lição de casa e cada um de nós( e nossas criações) tem o amparo no conhecimento intelectual que busca controle sobre o viver na busca de conforto material , emocional e espiritual . Pena que esse tripé insiste em falhar sempre já que quando se acerta uma coisa a outra desanda.Já entendemos que somente o conforto material não dá conta. As várias inteligências que dispomos em nosso arsenal não podem mais suportar a tirania da inteligência racional que luta contra o medo (e apenas o alimenta enquanto tenta dribá-lo) e gera produtos anti medo que não resolvem nossa escuridão que tanto nos adoece – do mais sutil ao mais biológico tão estudado pela ciência vigente. Somente a inteligência do coração( que nos ajuda a reconhecer que não estamos sozinhos, que o parto foi difícil mas estamos vivos na escola da vida- e isso por si é milagroso , que podemos receber através dela a inspiração para superar as adversidades desse mundo tipicamente feito de dualidade ) poderá trazer luz genuína e abrir espaço para novas formas de RE-ligação com o mistério da vida para, com isso, gerar uma nova religiosidade e uma nova ciência e nos conduza a uma manifestação luminosa a trazer vida sustentável para pessoas , famílias e sociedade. Saudações à luz que tira o medo que nos escurece e amplia a fé na vida ! Feliz e luminoso Re - nascimento , muito além da cultura do medo !

Repetir e insistir ou desistir e avançar?

A repetição do cotidiano restritivo gera queixas repetitivas nas consultas e poucos movimentos criativos acontecem para construir algum bem estar físicos e não físico ( espera-se se sempre um remédio remediador) nesses tempos incertos , com excessiva informação que mais confunde do que esclarece! Surgem tantos influenciadores porque há muita população influenciável! Ao reclamar da repetição precisamos lembrar o quanto o nosso comportamento foi condicionado por um conceito de sucesso que aponta o topo da pirâmide, através do caminhar, com muito afinco repetitivo (ás vezes em círculos), o passo a passo indicado até idealizado “chegar lá”. Esse caminho deve ser trilhado por alguém "muito especial” que talvez precise ir além do humano (que todos somos ,desde o começo e que seremos até o final da biografia). Tudo começa na tenra infância onde atender o que terceiros esperam do bebê é a grande solução para que ele tenha suas necessidades e desejos atendidos por pessoas que ele diviniza. Depois se decepciona e deveria sair pela vida, rumo a um aprendizado sobre suas responsabilidades sobre suas saciedades, agregando ideais e projetos que precisam de ação disciplinada para sentir se capaz e validado. Deve assumir a dor e a delicia de ser agente ativo, predisposto a aprender sobre si mesmo ,sobre o outro e sobre o manejo do mistério da vida. Sair das decepções e rumar para as habilitações pró “saúdeS” deveria ser hábito cultural, mas o usual não é sair do treinamento inicial habilitado para gerenciar as inexoráveis decepções. Elas começam com família, são deslocadas para outras formas de corporações e a repetição da mesma fórmula inicial (que é incentivada rumo ao “sucesso”) somente faz acumular lixos danosos (na biologia e na emoção). Mas como em todo hábito, automaticamente a busca por soluções onde o esforço é voltado ao externo para que de lá venha a validação e inclusão no grupo (que nunca chegam) é estimulada o tempo todo. O circulo vicioso da neurose nossa de cada dia gera apenas um eterno conflito dentro de cada um e um imenso cansaço .Com isso a vida se esvai na repetição e no adoecimento enquanto o esforço e o persistir nas ilusões continua francamente estimulado . Quase impossível desistir do que nos adoece . Com toda uma cultura voltada ao externo, esse externo insiste em positivamente estimular o esforço no ser feliz que viria de fora, e educar para manutenção das ilusões que somente às crianças é permitida. Até elas acabam por cair na tristeza e raiva de perceber que os humanos falham no que prometem .Mas também é com essa decepção que abre se a porta do desenvolvimento para dar conta do viver. Esbravejar, chorar e entristecer se para aprender a sair das expectativas irreais... assim poderia ser a digestão das decepções. Até abelhas e moscas, depois de muito lutar com as vidraças, param de teimar com aquele obstáculo transparente que se apresenta e impede o vôo. O caminho criativo se abre quando se reconhece o esgotamento da estratégia do “hei de vencer” ilusório gerador muita dor e raiva sublimadas pelo insistir às cegas em condicionamentos com prazo vencido. Seja por ingenuidade ou vaidade infantis( fora de hora), teimosia ou preguiça, seja pela educação que informa demais e habilita de menos, muita repetição do velho modelo que forma meros consumidores passivos ainda vai persistir e adoecer muita gente. Mas o aprendizado do desistir das ilusões já está presente e disponível para muitos. Brindemos !!!

As “Burcas" do islã!

Todos sabemos da tradição islâmica e suas peculiaridades sobre as relações com Deus, com o mundo e em especial com o feminino! Não há como nosso conjunto de conceitos culturais ficar isento de julgar e desaprovar aquilo que impede a expressão livre das mulheres e da energia feminina diante de um conjunto de valores e preceitos que são validados e incentivados como caminho de redenção para a nossa precária condição humana. Esquecemos que temos também nossas esquisitices que prometem redenção e que elas poderiam merecer estranheza assim como vemos com estranheza os caminhos do oriente islâmico! Recentemente uma família pôde curar se um pouco mais diante daquelas coisas que só a vida sabe fazer e só os mais conectados com o que vivem, vêem, ouvem e sentem podem usufruir! Numa cena trivial onde os homens da casa, irritados com o fato da moça da casa estar sem trabalhar e no “bem bom”, precisaram ser impedidos de agredir o feminino que tinha passado por um esgotamento para dar conta de um trabalho abusivo por si mesmo e agravado pelo modo que ela precisou encará-lo. Não era folga. Era restauro depois de um quase colapso por esgotamento, mas incomodava os esforçados homens da casa. A redenção veio pela força física da mãe que pôs o devido limite e ,no momento “M” que fazia esse gesto, viu na TV ligada a noticia dos absurdos islâmicos anunciados pelo noticiário do Afeganistão. A própria mãe tinha vivido as restrições do seu feminino pelo caminho oposto ao da filha- dedicando se total e exclusivamente ao masculino do marido .Também esgotada e frustrada adoeceu tal como a filha que fez o oposto e caiu no mesmo engodo cultural! Naquela hora ela pode se dar conta dos valores que abusam da energia feminina que habita homens e mulheres ocidentais como burcas invisíveis que proíbem o sagrado respeito à vida de homens e mulheres pela capacidade de receber e também dar a si algo de restauro, repouso e aconchego para fazer o contraponto a uma energia à masculina que ,supervalorizada, esgota homens e mulheres pelo esforço continuado . Tudo com a promessa de recompensa com produtos de ordem material ou com status ilusório no mercado de trabalhoa degenerar a saúde física e mental e relacional de toda uma sociedade (em especial de crianças que aprendem desde cedo sobre privação do direito de receber a dedicação ,carinho e o tempo que todos precisamos, em especial no inicio da vida. Enquanto isso também são educadas pelas telas e influenciadores que enfatizam que “imagem é tudo “ e escapar do que sentem e idealizar identidades ser a grande saída. Tudo com a promessa do esforço( que antes era apenas para os homens nesse infindável “dar conta”) de oferecer segurança material pra ter poder. Agora homens e mulheres precisam fazer isso . As mulheres com falsa força vivem no mercado na bisca da autonomia escapam da opressão das relações e caem na opressão da competição pelos cargos . Perderam o amor por elas mesmas e pelas suas crias que estão entregues às telas onde terceiros vendem a cultura contraria ao zelo pela vida para alimentar mercados. A burca oriental é negra e oculta a liberdade e beleza do feminino -ressalta apenas os olhos e o que eles expressam . Por aqui ela é enganadoramente luminosa e colorida mas escurecedo brilho dos olhos de homens e mulheres que não podem ter tempo e espaço para produzir menos e viver mais e nem enxergam a dita cuja. Que o tempo e as crises nos mostrem um caminho mais saudável para que possamos pulsar e manter a vida entre demandas e repousos do corpo, da mente e do espirito deixando de lado o que absorvemos como conceitos de sucesso que na verdade é o nosso maior fracasso.

Primeiro o essencial! Sempre.

A cada dia o volume de trabalho aumenta e as demandas são cada vez mais gritantes no sentido da retomada do essencial para todos os setores do viver. em especial na saúde, fortemente ameaçada nos dias de hoje, seja pelos inúmeros elementos do mundo físico a agredi-la seja pela atitude mental atormentada que o mundo da informação, com supostas boas intenções , acaba por gerar o pior e primordial dano( pelo excesso e pela confusão de tantos a falar incansável e contraditoriamente) A noção do efeito causal nas manifestações da saúde física e não física ficou por demais esquecidas (quando o ritmo alucinado de produção de bens de consumo para poder consumir bens de consumo e alimentar a roda da vida de terceiros) e apenas a saciedade de satisfações imediatas ganhou validação como elemento importante para estar fazendo parte, o grande anseio humano desde os tempos primordiais. Ao lutar tanto para fazer parte da roda anti vida, excluiu o essencial para ficar vivo e perceber se como responsável passivo pela imensidão de mazelas, dores e sofrimentos que apenas sinalizam a emergência de retomar o básico para depois, caso seja possível, entrar na validação do consumo exagerado com todo o custo de tempo, dinheiro e energia que ele exige. Como validar a mera supressão de sintomas como caminho válido para tratar se ou ser cuidador se a cada dia mais aumentam os consumos de anti isso e anti aquilo e tudo apenas piora? Parece que a vida está clamando por correções do cidadão, mas ele está treinado a passar por cima de si mesmo e das regras do bem viver, pois o senso exagerado de Eu (que busca o sucesso idealizado) gera uma desconexão brutal de si mesmo, do entorno e da sua inserção na vida como a grande e primeira autoridade a ser respeitada para que se comece a conversar sobre saúde e bem estar. Na base do que é essencial está à lembrança de que somos seres biológicos que precisam de comida e água que entrem e saiam do nosso sistema para nutri-lo, sono e vigília, ar que entra e sai do organismo, movimento e repouso... Não basta quantidade, mas sim qualidade para gerar energia pelo metabolismo também acontece nos aspectos não visíveis de cada um. Com ideias, relações e atitudes intoxicantes fatalmente o todo acaba intoxicado e a ciranda de sintomas vai aparecer com graus cada vez mais intensos e abrangentes até que a saúde mental se abale e depois dela o corpo físico comece com suas disfunções e diferentes graus de lesão. Tudo isso pode ser curado de acordo com o que se entende por cura, mas, com certeza percebemos que não é apenas correr atrás de dar conta de desaparecer sintomas sem cuidar da sequencia que gera consequências. O caminho mais adequado é o mais evitado porque pede percepção antes de qualquer coisa e depois pede comprometimento para trilhar um novo patamar e isso é muito difícil quando falamos de vícios- sejam eles aqueles que nos vemos outros , sejam quando somos chamados a olhar para os nossos). Vale para todos a lembrança da revisão do que a grande e genuína autoridade pede de todos nós e vale apostar num caminho medico onde o convite seja sair do endeusamento do supérfluo, ainda que não seja o caminho validado pelo mundo das telas e seus produtos ... Essenciais para quem os vende!

Qual Cultura escolho validar quando a abertura chegar?

Não temos mais dúvidas que para além de toda parafernália de informação montada para leitores, eleitores e expectadores existe um recado silencioso de quem precisou bater na mesa para se fazer ouvida - a própria vida! Há tempos a vida tem sido afrontada em práticamente todos dos itens dessa cultura das telas e da propaganda de massa onde uma autoridade sem rosto ,mas com muita influência, substituiu valores que eram vigentes nos pequenos países , povoados e famílias e geravam a cultura local com suas mazelas, limitações e atrasos mas com mais respeito ao básico dos básicos – o outro ( familiar, vizinho, membro da comunidade) e a teia da vida . Da imensa diversidade de estilos de vida (ainda que sob a egrégora da energia masculina e suas metas de controle luta e conquista) ficamos reduzidos a um estilo único a ser validado para que a inclusão social pudesse acontecer . Nesse estilo o “eu” foi por demais incentivado , cultuado e pressionado a brilhar acima da manada de outros “eu”s tendo como base a idealização de personagens que validaram em excesso a imagem a ser vendida para o outro excessivamente vinculada à capacidade de consumo de bens materiais para sentir o almejado bem estar, fonte da saúde. O bem estar só poderia vir quando o “eu” tivesse os tais produtos que a propaganda validava e também a admiração ( invejosa) a brotar no olhar do outro – ás vezes sofrendo ao se ver fracassado, às vezes enraivecido por sentir-se menor e excluído e , na grande parte das vezes ,motivado a perder também a vida para ter um lugar na vitrine do sucesso preconizado. Nunca foi vendido junto com a ilusão de sucesso o preço embutido na promoção do “ser especial “, sua majestade: O consumidor voraz de necessidades nem sempre necessárias . Também não foi vendido o mal estar causado por tanto esforço para viver e “chegar la” e ficar sempre aquém. Além do preço individual e familiar houve um imenso preço coletivo (a ser pago por muito tempo ainda) já que senso de comunidade ficou para os menos favorecidos que buscaram sucesso em atividades dentro e fora da lei e quase sempre movidos pela raiva e violência! Fora esse agrupamento vingativo e também oprimido pelas difíceis emoções da exclusão não existe mais senso de grupo nas casas, quarteirões e cidades. Com um pouco de cultura e dinheiro o isolamento tornou- se a opção diante de tanta competitividade com os do mesmo “nível” e o “perigo” dos que estão no nível abaixo. Com isso a psiquiatria e as drogas ilícitas são a opção para a mera sobrevivência num mundo com estética especifica- tudo é belo e liso, mas sem vida. Já estamos nessa pausa forçada há mais de um ano e ,se ainda estamos vivos, impossível deixar de priorizar foco em nós mesmos para sanar lixo cultural assimilado que serve à não vida e que (sem perceber )validamos de modo exacerbado há 50 anos pelo menos. A cultura que serve à vida sabia que sem sustentação não há como o “eu” (que está por aqui por um tempo) dar conta de sobreviver. A vida pede para ser lembrada em toda sua complexidade para manifestar-se a partir de projeto que vem do mundo não visível. Quando as diferentes instâncias humanas ( físicas e não físicas) não são consideradas não há como ir adiante e não será por determinação de corporações que o esquecido será contemplado - vai ser pela colheita das consequências da cultura inconsequente vigente até há pouco e pelo trabalho de cada ser humano que coloca- se a caminho de cuidado de si mesmo e do seu entorno.

Evitar as dificuldades, a grande meta!?

Cansei de ver o “consumidor” abandonar os tratamentos que “compra” para sentir-se melhor! Claro que em outros tempos isso era motivo de preocupação, irritação ou insegurança por trabalhar em medicina não convencional. Vivi um episódio curioso onde optei por sair de um hospital porque alguns pacientes foram reclamar pelo tratamento .Ele fazia com que chorassem e não era para isso que se tratavam! Hoje é motivo de riso, mesmo sabendo que a liberdade é algo sagrado para o individuo que pode fazer escolhas, até quando ele está engolido pelo “consumidor”, essa espécie de personagem coletivo difícil de ficar no seu lugar, ou seja: ser apenas uma faceta do humano que tem desejos e acredita que produtos resolvem suas questões e vai lutar para sacia-los! Talvez tenha adoecido exatamente por ter deixado o desejo de consumir( até consumir-se) para tornar se “pop” ser o grande motivo de seu viver. Toda energia foi colocada nisso até os sintomas começarem a atrapalhar o sonho da realização pelo viés material obtido. Eles sinalizam o quanto intenso foi consumo de energia ao atender o que esse estilo de vida “pede” em nome de suposto sucesso e sempre deixa a desejar... A cada sintoma que surge, algum produto contra ele deve ser utilizado, com alta tecnologia e custo, mas, com efeito sempre limitado. Novos sintomas surgem como luzes no painel do carro a avisar que o motor precisa de atenção! Produtos( e as ideologias fazem parte deles também ) para todos os bolsos e cabeças aumentam dia a dia... Decepções com eles também... mas insistir é a tônica que fortalece quem os oferece já que evitar o “difícil” é a meta do consumidor( voraz) consumido. Se a politica de mal estiver em diferentes níveis de cada individuo ( mascarado pelo consumidor voraz que nele habita ) é o incentivado, a política de cuidar de si é um caminho útil, mas ele é exatamente o que não foi o mais trilhado até aqui. Esse caminho pede que a terceirização sobre o que devemos fazer seja evitada e a cultura do olhar sobre si seja matéria prima para a saúde ser mantida ou restaurada. Se buscar esse caminho de tratamento, além da vitrine idealizada vai encontrar com um manancial de insegurança, tristeza e raiva pelas decepções que seu esforço por uma vida ideal lhe causou apenas por ter dado muito poder a autoridade externa e acomodar se no cuidado básico do viver que todos os seres vivos consideram dia e noite. Abandonar tratamentos onde as dificuldades essenciais são mascaradas é um bom caminho para os dias de hoje. Já estamos dando nos conta de dificuldades mais complexas construídas por essa opção . Aos poucos poderemos entender que o melhor modo de minimizar as dificuldades do viver é reconhecê-las e dar atenção ao desenvolvimento de responsabilização pelo bem estar, através da ação que está voltada ao que sentimos ser necessário e não mais ao supérfluo tão incentivado até aqui. Nesse trajeto, a grande dificuldade talvez nem seja reconhecer das dificuldades em si, mas colocar se diante do manejo do vício profundamente arraigado de evitar a dureza da vida que os antepassados tiveram - aquilo foi considerado pobreza e fracasso, próprios de “gente rude e ignorante “- mas existe algo mais pobre do que gastar uma vida para ter todos os produtos meramente materiais do sucesso idealizado sem chegar bem estar, seguindo o que o que o externo determina”“?

Quanto mais recursos externos melhores resultados?

A cena é tragicômica pois o jardim dava trabalho com sua manutenção. Com tantos afazeres o mato crescia, as mudas ficavam sufocadas e o sol não atingia quem precisava dele já que as sombras só aumentavam com o mato e as plantas do jardim. Quando as ajudas vieram para tudo ficar melhor o desastre aconteceu e a coisa ficou feia porque os solícitos ajudantes, com muita boa vontade, vieram para deixar tudo melhor que antes a qualquer custo. E o pior: era para ser uma surpresa para a dona do jardim já exaurida com tantos compromissos externos, sem tempo para nada e sofrendo ao ver o mato tomar conta daquele belo espaço de meses atrás. A surpresa veio e foi às avessas porque no afã da ajuda, mudas plantadas que começariam a crescer foram cortadas junto com as ervas daninhas e galhos que estavam para florescer foram para o lixo. Isso sem contar com as amoras verdes que foram abortadas antes de amadurecer ...exatamente como no ditado antigo onde joga se a criança junto com a água do banho .... A cada dia casos assim acontecem na saúde (física e não física) de cada um quando o foco do olhar não é nítido e os males tornam se cada vez mais intensos e variados.... São tantas prioridades (nem tão prioritárias assim) que o essencial fica para trás já que o mundo suga tempo e energia de modo avassalador de donos de jardim e das equipes solucionadoras de problemas com altas notas de capacitação. Obviamente os sintomas surgirão (como sinalizadores de que a vida está sendo maltratada, desde o básico ao mais sutil) e haja especialistas especializadíssimos para dar conta do que está interligado nessa cultura contrária à saúde. Eles são mesmo ótimos para que sejamos acudidos e liberados de desconfortos que nós mesmos construímos sem que nos déssemos conta…O mato cresceu e alguém vai dar jeito nisso! O especialista em podas vai enxergar galhos para serem cortados mas pode esquecer o que estava para florescer ali... o especialista em capinar vai com sua enxada afiada cortar o que aparecer pela frente e quase nunca diferencia o que é mato do que é muda plantada com vistas a uma colheita…lá se vão todos para o mesmo lixo e tudo fica limpinho...até demais. Se nossos antepassados sofriam por falta de recursos, tinham pelo menos doenças mais simples porque “céu” confortável ilusório onde tudo pode estar à mão não existia ( quando veio, nos deixou acomodados, preguiçosos demais) e a vida não permitia esquecer do cuidado essencial. Podia custar a perda da vida o desleixo com o cuidado de si. Nós temos excesso de informação e recursos e estamos mais adoecidos que nunca – com doenças complexas que pedem especialistas especializadíssimos para que não entremos no colapso mortal ...Pena que eles e nós mesmos ainda não nos demos conta de que essa rota nos deixa vivos, mas com péssima qualidade de vida - pouca vitalidade, apesar de tanto custo material e não material – quase mortos vivos. A vida idealizada como perfeita pode ser muita árida e doentia enquanto está sendo aparentemente um sucesso e a vida relativamente imperfeita pode ser muito interessante quando usamos o lado bom da imperfeição para deixar o descuido de atenção ao não essencial de lado para validar o ritmo e ciclos de um jardim que não é o das páginas da revista mas recebe os cuidados frequentes .Assim há espaço para que a vida ali se manifeste com “matos” que fazem parte (mas não devem tomar conta de todo espaço) e até ajudem a manifestar o que queremos floresça dentro de seu tempo e ritmo somados aos projetos e cuidados aos quais nos dedicamos com carinho....Afinal , equipes de manutenção podem ser desastrosas , apesar das boas intenções .

Trabalho focado no cuidado.... Ou então, trabalho dobrado!

Vejo anúncios de reflorestamento, de mudas disso de daquilo e reportagens sobre o restauro ambiental. É impressionante o trabalho do Sebastião Salgado (*) no sitio onde ele nasceu. Ambientes degradados pedem uma fortuna recursos materiais e de tempo para que a vida retorne e fique forte no espaço da terra que deteriorou –se com a exploração consciente ou não dos recursos. Às vezes penso no interior do estado de São Paulo como um enorme deserto como os do centro do América do Sul pois da floresta original, à colonização dos imigrantes com a agricultura de muitas culturas chegamos ao imenso canavial e pastagens com a vida minguando a olhos vistos ... Atendo pessoas há 42 anos e vi tudo avançar para melhor aparentemente e também muita coisa complexa surgir e afetar a saúde física, mental e espiritual. Vi as pessoas terem mais tempo de vida, mas vi também que a penúria de qualidade aumentou muito, mesmo para quem tem recursos para bancar um universo de demandas sem fim. Observo como é cada vez mais raro alguém que se dê conta que há uma cultura instalada de desconsideração pela vida que precisa dos sintomas como sinalizadores dessa distorção vigente há pelo menos 50 anos de modo cruel sobre famílias e todos grupos sociais. Observo como do mero desconforto inicial (dos adoecimentos mais simples) que foi desconsiderado e apenas anulado para não atrapalhar o consumidor voraz (ávido pela inclusão como gente de bem porque produz e compra produtos) temos agora o enfrentamento das consequências do efeito dominó de uma força de vida que precisa fluir a qualquer custo já que essa força não pode ser domada pelo mundo do consumo desenfreado e pelo trabalho que tem apenas o foco comercial para conforto material como paraíso . A área de saúde ganhou tecnologias incríveis, super especialidades em cada área de atuação profissional, inúmeros recursos científicos (ou nem tanto) para dar conta de restaurar o almejado e desconsiderado bem estar físico e não físico que são as marcas registradas do que se aproxima da saúde. E haja trabalho (parecido com o enxugar gelo)! Aí observo de novo a falta da inteligência de quem abre mão da própria inteligência para fazer sua vida ficar viçosa e sedeixa levar pela sábia indústria do marketing que ,desde os anos 60, percebeu o quanto o ser humano pode ser "estimulado” a confiar em terceiros que lhe prometam o caminho mais fácil, com pouco comprometimento pessoal ,( exceto para ser Pop), movido pelas ilusões emocionais vinculadas ao que consome- muito além de necessidades.A vida foi massacrada para atender desejos que geralmente estão adequados ao mundo infantil e não ao do adulto. Haja trabalho de restauro, como o do Sebastiao Salgado!!! - não mais um trabalho sem sentido, apenas para alimentar o mercado de consumidores que se consomem( sem validar a inteligência que serve à vida e promove mais saúde do que doenças em cada indivíduo - e não mero consumidor) ,não mais relacionamentos pessoais e ambientais desbalanceados e sem sustentabilidade do viver saudável. Esse ambiente externo serve de espelho da nossa desertificação como seres humanos e pode melhorar quando cada um de nós melhora quando se volta ao cuidado de si e deixa de terceirizar o que é seu dever para com a sua vida. Tanto falamos de amor e nos distanciamos do trabalho de restaurar essa energia de modo concreto em ações vivificadoras em nossos mundos físicos e não físicos, pessoais e coletivos. Trabalhemos como os imigrantes trabalharam um dia, com toda raça que precisaram demonstrar para desbravar e sobreviver. Mas com foco em outra meta, talvez mais custosa! Trabalhemos, um no que nos vivifica e restaura para , de novo, sobreviver a uma cultura que se consumiu enquanto apeas consumia pessoas e ambiente!!!

Sobreviver, “ Morrer” , Renascer e Viver

A medicina e as estratégias de sobrevivência de todos nós, meros mortais, são paradoxais ,contraditórias e incríveis. Clamam por compreensão para que sejam reconhecidas em suas funções , validadas ou descartadas de acordo com a adequação ao momento da vida e o que ela pede . Sem esse passo , saem da extrema utilidade e vão direto ao extremo dano! Toda criança precisa ficar viva e faz o que pode, dá certo mas adoece ao longo do processo! Entorta-se tanto para se adaptar que precisa ficar com as dores do entortado! Os sintomas surgem e a medicina corre atrás deles . O doente quer se livrar e ela quer cooperar com o livramento já que aliviar a dor e evitar a morte são atos nobres e de alto valor no mercado– quanto mais corre se atrás do sumiço do mal estares, mais complexos eles se tornam porque a coisa é como luz de alerta no painel do carro- se a função de sinalização da luz não é atendida e ela é apagada com um bom band aid ( ajuda) o carro vai perdendo função e acaba parado na rodovia Essa incrível capacidade de dar conta para ficar vivo e criar mecanismos criativos é admirável em nossa espécie ! Uma transgressão ao fluxo da vida, onde estratégias de conforto e segurança são percebidos por uma capacidade do pensar, gera uma estagnação muito adequada num primeiro momento, mas também gera adoecimentos, avisando que passamos do ponto ou do tempo de validade do recurso. Abençoado adoecer que manifesta o sofrimento da vida em contenção para ter suposto sucesso com a segurança aparentemente obtida .Por medo ou vaidade esquecemos de ver se hoje é ainda preciso fazer o que fizemos há algum tempo e essa adequação de estratégia faria um enorme bem a saúde física e não física..mas vicio é vicio , mercado é mercado e repetimos indefinidamente tais estratégias , com a ajuda dos recursos “curativos “ que nos ajudam a ficar na apenas sem vida saudável como indivíduos , apenas consumindo e gerando recursos voltados e oferecidos por terceiros. Incrível a capacidade criativa de cada um de nós e da dita sociedade... incrível também a capacidade de , por medo ou vaidade , fixar se no que deu certo para sobreviver e também gerar sobre vida das corporações facilitadoras do alívio das mazelas. A repetição da busca infantil de segurança ( material e emocional ) gerou a grande doença social onde o” normal”é ser doente , há pelo menos 50 anos .Agora é hora de morrer de fato ou então morrer enquanto repetidores de estratégias fora de tempo e de realidade ! Cada um está sendo insistentemente chamado a revisões para começar a validar o que é essencial para que sua vida se mantenha com saúde , sem a terceirização sobre a vida na responsabilidade do atendimento de suas necessidades (materiais e imateriais) que nenhum outro animal é viciado em fazer , exceto as plantas das estufas e o animais capturados pelo animal “racional” para lucro ou diversão !Parece que a ressaca da saída das estufas ( e dos circos e zoológicos )é pesada e exige mesmo um esforço imenso de readaptação à vida fora do grande consumidor acomodado que o humano tornou-se . Deve haver outros propósitos além de gerar e consumir produtos e viver de estratégias na busca de uma vida paradisíaca idealizada. Agora é tempo de usar as estratégias do adulto no grande bando que compõe a nossa espécie e nessa estratégia a autoridade deve voltar ao indivíduo que tem uma longa jornada para reconhecer o que lhe faz sentido e tráz benefícios genuínos, longe do que lhe treinaram (com o seu consentimento). Morrer enquanto animal capturado no circo das ilusões , sair da sobrevida e vir para a vida é um imenso, ás vezes doloroso ,mas admirável processo de cura. Afinal, na infância a meta é sobreviver e se chegamos até aqui tudo foi válido, mas se a meta é viver, então o prazo de validade do velho contrato com o dono da estufa ou do circo precisa ser revisto !

Decisões, sequências e consequências!

Agora o ano começa para valer! Sempre foi assim com o mês de março! Nesse ano a coisa se repete apesar das nuvens escuras de 2020 não permitirem o ânimo que sempre vinha com a abertura da temporada de expectativas e promessas que o ano poderia reservar aos projetos e ideias que todos costumavam fazer para tal momento. Esse ano tem algo diferente, apesar das mesmas restrições de 2020. Essas restrições são difíceis de serem digeridas, mas parecem ter algum efeito colateral positivo no dia a dia do consultório médico que busca enfatizar o foco na saúde (ao invés do mero combate aos sintomas) e na manutenção da vida da pessoa que se confunde com a do consumidor que todos nos tornamos (que também se consome e adoece)! Ficar vivo é mesmo muito importante, pena que quando fazemos isso apenas por medo ou por vaidade para poder usufruir benefícios dos bens de consumo a coisa fica muito esvaziada. Não deve ser muito interessante continuar vivendo apenas por ter medo de não ser mais vivo ou então, de modo infantil, olhar para o suposto parque de diversões onde pessoas e produtos parecem estar aí para entreter e atender pedidos da eterna criança que só quer coisas o play ground e não pode perder tempo adoecendo. Incrível viver para consumir e gerar produtos de consumo - só pensar “naquilo” é muito monótono e não vejo isso em outros seres vivos. Existem outros prazeres e propósitos além desse personagem ditador de nossas vidas e que acaba por fortalecer apenas o ‘deus’ mercado e sua tirania. E a grande surpresa desse ano tem sido encontrar, na chegada dos casos novos, muitos jovens. Para maior surpresa ainda- homens ( que raramente apareciam) jovens! Chegam com boa saúde física já que a juventude é uma benção. A vitalidade é forte ainda e as transgressões à vida não geram multas tão pesadas no dia de hoje (aos quarenta, caso cheguem lá, surgem os “pontos na carteira”). A saúde mental chega bem afetada já que a visão de mundo que obtiveram nas telas, mídias mercadológicas e todos os especialistas tagarelas que falam demais para criar produtos e ideologias a favor da “ coisificação ” da vida e pessoas geram ilusões em excesso. Faltou apenas avisarem a esses alunos, ávidos pelo “acertar “, que ilusões cultivadas geram decepção com muito mais frequência que realizações. Que a colheita das decepções pode gerar devastação da saúde, a começar pelas emoções difíceis que se manifestam quando nós percebemos cara a cara com os limites, ineficientes ou longe da figura moderna e POP idealizada. São elas que levam às primeiras disfunções biológicas que geram sintomas (e depois lesões) que podem ser ilusoriamente combatidos pelo ante- qualquer coisa que a ctv. anuncia ! Felizmente o equívoco é percebido por jovens que se ligam em novos caminhos! Com alegria vejo a busca ativa desses jovens e a melhora rápida que podem usufruir quando se dão conta dos lixos culturais que absorveram de começam a escapar de todo dano progressivo que se construiria caso não decidissem apenas a suprimir sintomas que são na verdade os grandes aliados para que seja interrompida a trajetória de dano. Promete se realização e brilho e a colheita para o consumidor- de ideias , em especial (por comodismo, falta de opção, falta de informação útil à vida ou vaidade juvenil ) é de escuridão, frustração (dores e raivas que não podem ser vividas) e danos físicos emocionais e relacionais... Após 42 anos de medicina, sinto a alegria sempre esperada ao ajudar a vida que habita cada um que chega adoecido e que melhora com o remédio das decisões conscientes pró autocuidado ativo, saindo da passividade que prometia (ele acreditava) a felicidade ilusória. Essa pessoa poderá manifestar o seu melhor - não porque quer um sucesso equivocado ..., mas sim porque já entendeu que sem biologia não há ideologia que se sustente. Quando alinha se com essas leis básicas e universais todas as demais instâncias da saúde melhoram e as consequências são verdejantes !!!! Pode demorar , mas o processo já está em curso .

“Oh abre alas... que eu quero passar!!!” (Ou o carnaval que a vida pede!)

Haveria mais um carnaval, mas estamos impedidos de realizar o que, desde os tempos ancestrais, marcava uma celebração para marcar fim de ciclos no árduo cotidiano agrícola - após a longa jornada do plantio e cultivo, vinha a colheita com a celebração por todos os esforços e resultado. Em nome do agradecimento à divindade a festança ficava autorizada com dança, bebidas e prazeres do corpo e das demais instâncias do ser. Então, após validar o esforço, contenção e empenho, valorizava se também o oposto para que a habilitação para o novo ciclo se concretizar e a vida seguir adiante. Na cultura dos últimos 50 anos a coisa degringolou de modo exagerado pois o cidadão não está mais à mercê da agricultura e das intempéries do clima, mas de uma jornada de trabalho voltada ao conforto material. Todo esforço que se faz necessário para adquirir ou produzir os famosos bens de consumo valorizados pelo mercado, até que ele também se tornasse um produto a mais entre tantos produtos. Até o carnaval virou um valioso produto, assim como o lazer em geral. A fadiga de uma vida regrada pelos ditames do ritmo da produção a qualquer custo para o bem de “todos” (como se a apenas o conforto material fosse essencial) merece ser compensada com outras ilusões além dos benefícios do equivocado conceito de sucesso preconizado e validado. Mas até a compensação pelo “lazer” (que não passa de mais uma compensação que o mercado criou para continuar na “luta) virou produto inútil - Afinal, apesar da saúde deteriorada no físico e não físico (diabetes, hipertensão, artrite, câncer, depressão, ansiedade, insônia, obesidade com desnutrição), é preciso a compensação que é oferecida em treinamentos para gerar motivação. A validação dos polos opostos não tem acontecido de modo ativo e genuíno- as férias parecem férias.... Os carnavais não são mais do que explosão do que ficou contido enquanto os deveres imperativos (para prazeres supletivos) exigiam sublimação de alternâncias genuínas que geram o ritmo e o fluxo da ordem natural das coisas, tais como o amanhecer e o anoitecer em cada dia que vivemos. A alternância é o que possibilita a circulação da energia da vida – a integração dos opostos…. Caso fiquem esquecidos, os polos renegados em excesso, ficam comprimidos e geram mal-estar (sintomas), como quem retém o ar além da conta e acaba sufocado. A expiração será necessária qualquer custo- causando explosões ou implosões. Não são aceitos os subterfúgios do carnaval enquanto mero produto de compensação da cultura equivocada. Ao invés dos foliões de todos os níveis sociais, econômicos e culturais, pegarem o metrô na quarta de cinzas de manhã (após os grandes blocos e desfiles gigantes) com suas fantasias rotas após tanta descarga eufórica e compensatória, teremos em 2021 a ausência da ilusão de compensação para o sofrimento gerado (e velado) por outras ilusões que estão em nossa vida cotidiana (e não percebemos), a serviço de comandos que sufocam o pulsar da vida. Não teremos as célebres fotos dos pós desfile com as fantasias rotas e foliões exauridos prontos para voltar ao velho estilo de confinamento! Tomara que possamos ir além da bronca e tristeza que a falta dessas compensações nos trazem , que possamos fazer o dever de casa e corrigir os excessos de descasos para com a vida para os quais que fomos treinados ( e concordamos com o treinamento) e possamos , por fim, celebrar como se fazia na antiguidade- Fizemos a revisão , trocamos as bases do viver e podemos fazer o carnaval sagrado que celebra , regenera e prepara para o cotidiano onde o essencial tem valor de fato e nos coloca no fluxo por seguirmos as leis que regem a vida desde antes da cultura atual! Estamos vivos após um ano de dificuldades, aprendemos muita coisa e isso já merece uma festa e tanto!

A saúde e as bases do Recomeçar ciclos

Rapidamente as festas de saída de 2020 e de chegada do novo ano vieram e ficaram para trás nesse eterno fluir do tempo com suas demandas. Foram diferentes do que sempre foram pois estávamos mesmo cansados das mesmices e seus clichês. Muita coisa que sempre fez parte da rotina daquele tempo de dezembro foi deixada de lado, não porque optamos conscientemente por isso. A coisa veio de modo imperativo já que reclamávamos tanto da mesmice, a vida também resolveu reclamar da nossa mesmice ao tratar de assuntos importantes . Nessa hora pode brotar a criatividade ou então a fácil reação emocional viciosa para a qual somos muito bem treinados: alegria passageira de quem ganha algo que atende de pequenos desejos ou ranço( raivoso ou tristonho ) de quem se frustra e se acha fracassado por tanto empenho e pouca recompensa! Aqui talvez esteja o grande treinamento para que sejamos seres cada vez mais adoecidos- treinados a nunca sair da infância da consciência: movidos apenas por desejos de sucesso equivocado, tendo por base o que a criança tem como essencial - O esforço em ser especial ( para escapar do esquecimento ) aos olhos de alguém que lhe compense esforços a favor da inclusão a qualquer custo e então passar a existir Foi nessa repetição doentia que vivemos nos últimos 50 a 60 anos quanto o mercado cresceu e tomou conta da vida de todos nós , gerando comparações absurdas( para que o ‘eu’ sozinho ganhasse as medalhas e o topo) e criando metas inatingíveis para que chegássemos .... ao prêmio do sucesso ilusório e também produtos trazer alento para os adoecidos pelo imenso maltrato à vida de cada um de nós , do nosso coletivo , dos nossos relacionamentos e também dos recursos essenciais que o planeta oferece . Então já que a meta é a criatividade diante dos “apertos” , minha torcida como médico é para que eu ( e quem mais se ligar no tema da saúde) possa RECOMEÇAR com um bom adeus ás ilusões que esse patrão sem rosto exige que eu cultive para então me oferecer produtos de recompensas ( que quase nunca valem a pena) e também de socorro para os detonados guerreiros da conquista de sucesso individual idealizado ....Afinal, sem um ‘produto” que vem de fora não pode haver alegria e nem suporte para as dores e broncas que os feridos carregam em seus corpos e mentes!!!. Que a nossa base de sustentação ao longo de 2021 possa ser os nossos pés fisicos e não físicos já que eles representam o grande recurso a nos sustentar na postura vertical que diferencia os seres humanos das demais criaturas. Erguer-se a partir dos pés ,depois do capote das ilusões criadas pelo polo dominante da cabeça( que adora julgar, comparar e controlar), pode nos colocar numa nova direção ( ou não). Vai depender de cada um resgatar novos pontos de apoios e seria importante lembrar que isso vai exigir um certo empenho como qualquer viciado precisa cultivar para escapar da escravidão de seu(s) vício(s).

Natal, saúde e quarentena!

Todo fim de ano tráz consigo uma atmosfera única na qual a grande maioria se envolve de modo positivo . O momento nos leva a aberturas e tréguas no cotidiano tão consumido pelos inúmeros itens do viver ,com os afazeres intermináveis e relações exigentes! Alguns, devido às más memórias de acontecimentos e sentimentos despertados anteriormente, sofrem de novo com as festas e colocam o período natalino em uma prateleira de artigos indesejáveis, esquecendo-se que quase nunca é o fato ou a época em si que vale para nós . Tudo depende de como fizemos as leituras possíveis para cada um, com o foco especifico dos nossos olhares sobre coisas, pessoas, acontecimentos , sensações, sentimentos e emoções. Chega agora um Natal inédito após uma caminhada árdua desde março de 2020... São nove meses de uma gestação que pode fazer nascer em nós um azedume rotineiro das frustrações ( quando somos forçados a fazer algo de modo diferente ) ou uma LUZ nova para ler todo o processo individual e coletivo ao qual fomos submetidos e reagimos. O automatismo vai precisar ser revisitado e a criatividade precisará ser chamada para ajudar nas decisões da celebração que será forçosamente diferente. Esse automatismo não nasceu do nada- ele foi construído pela repetição do nosso modo de olhar e pensar infantis sobre coisas e acontecimentos .Sempre buscou-se evitar o que foi taxado de negativo ( por ter despertado emoções desagradáveis) por nos ameaçar em nossa frágil segurança... Isso criou uma cultura de lembrança do coração humano( ferido e fechado ou saudável e aberto ) para essa época. Aprendemos a tirar conclusões de como evitar sentir emoções que não eram confortáveis buscando agir de modo muito egoísta e mascarado para que nos dessem suporte e inclusão .Ficamos estrategistas e sedutores para sobreviver , mostrando nossas facetas mais esperadas pelo outro(para que o outro satisfeito, atendesse nossas demandas)...Até ficamos egoistamente altruístas para seduzir –Afinal , o altruísmo é um valor que todo grupo sempre vai validar e abençoar.... A cadeia de validação de repetição desse modo infantil acaba por nos salvar no início da jornada e depois nos adoece pois escraviza( já que é preciso muito esforço) para dar conta de criar o paraíso fraterno na Terra( muita decepção fica acumulada também), de acordo com o que cada um idealizou como tal! No hemisfério norte o Natal é a festa da Luz , no auge da escuridão do inverno – um lampejo da lembrança da transitoriedade das dificuldades que o escuro e o frio trazem e também uma lembrança de LUZ E CALOR recolhidos internamente, com todos os simbolismos que esses dois elementos contém, incluindo aí o amor, a fé e a inclusão amorosa que sejam mais genuínas e não apenas da fonte intelectual viciosa que é alimentada nas redes sociais! Nós, no hemisfério Sul estamos vivendo no auge da luz e calor do verão externo quando chega a FESTA DA LUZ. Precisamos fazer o inverso, ir para dentro e conhecer o que temos de gelado, isolamento, escuridão , egoísmo e ressentimentos acumulados por apostar na expansão do nosso ego infantil que parece teimar em não entender que viver de modo infantil é apenas autorizado às crianças que trocam espontaneidade e expansão genuínas por prometidos ( e quase nunca cumpridos) benefícios de terceiros ... Nesse sentido, as trocas automáticas vigentes ficaram mais escassas em 2020 com a quarentena.. Sentimos a ressaca das restrições e foi duro chegar até aqui. Podemos ficar mais saudáveis em 2021 ,caso a LUZ da consciência nos leve a mais espontaneidade genuína , ao amor por nossa integridade , à coerência pessoal ao agir e à demonstração da nossa luz e calor que estão além das meras performances estratégicas de “gente de bem “ que acumula muito lixo com as decepções , fica adoecida e adoece todo seu entorno.

A cultura da Distração que nos trai e nos ADOECE!

Em inglês, o “entertainment” é uma palavra que nos remete ao lazer , a hollywood e a tantas coisas relacionadas ao prazer para compensar a labuta da semana árdua (onde somos chamados à dureza da vida que exige nossa ação para materializar o que tanto necessitamos e também desejamos). Atender ao básico e todos quesitos não básicos que tornaram se essenciais pede um grande esforço e esse esforço merece compensações ! Quanto mais esforço , mais merecedores de alguma recompensa nos sentimos- seja no amor, no conforto material e no “relax” que nos descansaria .Mas até o descanso virou um produto que deu muito certo e ganhou brutal mercado, a ponto de tornar-se uma indústria a criar o conforto material e emocional que nunca chega pelo trabalho dos incautos . A indústria então nos convidou a mais um produto poderoso - uniu o trabalho exagerado e sem sentido com algo para refrescar cansaço que nunca acaba! Como a frustração por todo esse esforço é a tônica de todos ( das crianças ao idoso )e ela gera muita dor e raiva que não devem ser reconhecidas e expressadas, o idealizado ganhou muito espaço - Na construção de quem devo ou não devo ser para fazer parte da família, empresa ou grupo ( ou seja :SER UM SUCESSO ), até nos ocupando de produzir e consumir produtos que nos distraem sempre de nós mesmos, a ponto de gerar a cultura vigente no ocidente :não estamos mais presentes à realidade do nosso corpo( cheio de emoção retida a afetar nossa biologia em nome da imagem idealizada), das nossas vidas e relações, do atendimento do que DE FATO necessitamos para ficar com vida e saúde até o cumprimento da jornada biográfica! A autoridade sobre nossas decisões e ações fica sob o comando terceiros ( visíveis ou não visíveis), e ,assim como na infância onde nossos pais sabiam de tudo , somos traídos por nós mesmos e adoecemos. A escolha por morar nas distrações e dar atenção ao escapismo do que sentimos nos garante bem estar inicial , nos afasta da realidade pessoal e cria uma cultura do “mundo da lua” enquanto alimentamos imagens e projetos do mercado das ilusões . A doença, fruto da traição ao desatendimento do que de fato precisamos , é o recurso que sobra para a vida nos fazer descer ao real novamente e atender o que ficou esquecido. Lembrar do amor e da responsabilidade por nós mesmos pode fazer bem à saúde, assim como sair da passividade das telas do ‘entertainment” e do sofá alienante. O cuidado de si mesmo pede atenção , presença e dedicação à vida que nos habita , mas isso pode parecer heresia no mundo do trabalho sem sentido e da lazer alienante que nos afasta do essencial (enquanto consome nosso precioso tempo ) e nos mantém crianças abusadas ,com nossa permissão ! Significado de Distração:substantivo feminino\Falta de atenção em relação ao mundo exterior; desatenção.Aquilo que resulta dessa falta de atenção; irreflexão, inadvertência.O que se faz por entretenimento, passatempo, divertimento; diversão.Estado de quem está completamente voltado para si mesmo.\Etimologia (origem da palavra distração). Do latim distractio.onis, "separação". Do Latim DISTRAHERE, “separar, puxar em diferentes direções”, formada por DIS-, mais TRAHERE, “puxar, arrastar”.

A quarentena e o dever de casa com nossos padrões!

A pessoa resolveu marcar sua consulta depois de 15 anos já que resolveu cortar a relação com seu médico por ter considerado uma desconsideração o fato de ter esperado um contato após consulta para uma nova receita e nada ter acontecido. Furiosamente resolveu , sob o domínio da indignação raivosa, acabar com uma relação que durava anos e ponto final. Julgamento definitivo pelo imaginado depois de ter sentido descaso e tchau doutor!!!!! A pessoa ,durante a quarentena , vinha com sintomas clínicos muito desconfortáveis e persistentes ,com dores abdominais importantes e desarranjos intestinais . Buscou o contato para uma consulta com o antigo cuidador e o reencontrou. Relatou o motivo do afastamento e recebeu a informação de que a receita de 15 anos atrás deveria ser feita no retorno que ela mesma não agendou por ter ficado com a certeza de que o médico a enviaria – Como não enviou ,não fez contato , considerou isso um descaso, que a feriu gerando dor, decidiu afastar se cega de raiva e pronto . Na consulta de 2020 , feitas as investigações de praxe sobre os sintomas, também foram considerados os acontecimentos recentes e o que sentiu diante deles, o que pensou a partir do que sentiu e como agiu!!! E aí veio uma surpresa : uma funcionária do prédio onde mora falou mal da pessoa dela que , por interfone , ouviu conversas si mesma como se ela não fosse a pessoa em questão do outro lado do fone! De novo , sentiu –se desconsiderada e , indignada( sem se dar conta que a funcionaria fez com ela o que ela fez com seu médico há 15 anos) viu se sem apoio da síndica ao reclamar ! .Sentindo dor e sem saída vingativa depois de julgamento recebido de forma sumaria e sem poder .... . Adoeceu . Um cenário totalmente diferente mas a mesma leitura e a mesma reatividade emocional automática e repetitiva que esperou por 15 anos para ser considerada e cuidada apresentou se ! Um caso dentre inúmeros casos em cada vida e endereço onde o “retiro’ forçado mostra uma das suas inúmeras facetas e funções: ajudar a saúde física e mental pelo trabalho da consciência que , obinubilada, faz a repetição de padrões antigos serem chamados à revisão para que o manejo das frustrações das expectativas se atualizem e padrões automatizados deixem de serem utilizados só porque foram úteis a sobrevivência das mazelas da nossa infância e deram certo! Sobreviver era a grande meta, mas o desafio de hoje é caminhar para mais saúde através de uma política de VIVER com qualidade. Para isso estão aí nossos sintomas a sinalizar que a repetição de leituras sobre o que nos acontece pode gerar saídas que não seriam as mais adequadas nos dias de hoje. Antes de sair batendo porta pela tendência de indignar-se com desconsiderações reais ou imaginarias( que sofremos e também impingimos ao outro) é preciso um cuidado de alongar espaços entre o impacto e a ação reativa para encontrar novos repertórios e sair da ilusão de controle - Apenas podemos controlar se vamos continuar crianças velhas com velhas decisões e ações que prometem segurança( que trouxeram um dia ) mas já estão com prazo de validade vencido e geram sintomas hoje. Atualizemo-nos ou mais e mais acontecimentos a vida vai “aprontar” para que possamos nos “tocar”! Um brinde ao novo que está disponível ! Ou ao velho e repetitivo hábito que é a velha roupa que não nos serve mais , como dizia o poeta e a Elis cantava!

A neurose nossa de cada dia no adeus à falsa "largueza”

Mais um mês se aproxima nessa travessia de privações de coisas tão aparentemente importantes para que possamos preservar o que de fato interessa- a nossa vida...Seja pelo medo do desconhecido que a morte e pandemia nos tráz , seja para que a vida possa a sair da mera sobrevida e começe a acontecer de fato. Assim chega o mês de setembro , marcando um fim de inverno , onde as coisas voltam à vida depois das restrições da estação invernal. Sempre achei incrível notar o efeito das primeiras chuvas - os galhos aparentemente secos ganham um verde novinho em folha! Elas cumprem o ciclo de perder coisas para preservar a vida no outono. Não sei o que sentem mas , se tiverem alguma forma de apego ,também devem sofrer como sofremos quando fomos chamados ao abrir mão de tantas facilidades e abundâncias falsas que, na verdade , acabavam com a nossa vitalidade e saúde física e não física... Foi muito esforço para cair no time dos que teriam as vantagens do “ouro de tolo”, famosa música do Raul Seixas ,onde alguém não fica feliz ao se dar conta que quase morre para poder comprar um corcel 73!( faz tempo... e eu estava no fim do colégio!!!). Parece que o tempo das privações , dentro de um limite importante-(já que todo excesso é danoso sempre), pode ser útil para que possamos validar o oposto do que era validado até então. Nossos antepassados imigrantes sofriam demais para ter o mínimo com máximo esforço , mas tinham melhor saúde emocional que o cidadão dos dias de hoje (até a quarentena)...Veio uma primavera aparentemente boa quando surgiu o grande mercado .O trabalho compensava pelo básico da sobrevivência e também premiava os certos luxos da emergente classe média que cresceu ... Ela refestelou-se no consumo e inteligência racional como sendo a única válida e acreditou que o paraíso material daria conta do céu aqui na Terra para apenas poder usufruir dele. Quase chegou lá - o supérfluo tão valorizado virou essencial e nos distraiu consumindo nossa energia, afetos e relações com forte deterioração da saúde emocional e biológica( pela vida sentada , com cabeça a milhão e o péssimo sono e sexualidade e pela comida envenenada e “fast’ engolida !!!) Sei como foram insuportáveis os atendimentos onde a doença só crescia mas a neurose do sujeito recusava se a ceder ao essencial para resgatar o bem estar que somente a saúde promove .Seria preciso perder folhas velhas e plastificadas mas o apego e o medo de cair na miséria (na qual já se encontravam e não sabiam ) gerava um sair dos trilhos rotineiro nos tratamentos e, com isso , muita energia foi desperdiçada pelo paciente e pelo profissional de saúde ( não de doença)! Aí veio um inverno para a cultura que exagerou na aposta do conforto material e tivemos que perder folhas , sentir medo de soltar as mãos à força para preservar a vida .Veio a privação que aos poucos foi assimilada e muita gente está se dando conta de que está ruim mas está bom!!!!! Sómente agora se dão conta que o antigo “ bom “prometido pelo mercado de idéias ,produtos e vidas era, na verdade , muito ruim.... Cuidar do essencial é mais simples !Cansa menos . Claro que atendi muitos apocalipses desde abril com choros , medos e ranger de dentes de náufragos na zona de arrebentação. Com muita alegria , observo muitos milagres onde o essencial passou a ser resgatado e vi saltos importantes acontecerem, Estamos muito distantes dos antepassados com suas imensas lutas de sobrevivência. Estamos nos afastando do que prometia o paraíso ilusório que nossa neurose construiu e podemos ir para uma cultura de inteligência usada a favor da vida mais saudável no âmbito individual , familiar e coletivo...que nossa vaidade ,preguiça ,medos e desejos infantis fora de lugar não nos tirem do caminho ! Já que sobrevivemos até aqui.....Primaveremo-nos!!!!

Construir saúde ou gerenciar sintomas e continuar doente?

Assim como as construções precisam de alicerces para sustentação das paredes e tetos é importante para um sistema de tratamento médico que visa a saúde e não a doença a observação e consideração dos alicerces da sua vida saudável! Todos já sabemos que estamos excessivamente condicionados ao ESTILO DE VIDA que maltrata a vida de modo contínuo e exagerado ,mas queremos a qualidade de vida ilusória prometida pelas corporações do mercado ! O automatismo do dia a dia perpetua esse estado de coisas de modo extremamente danoso ! O tempo que tanto seria necessário para observar o que é feito e leva ao andar em círculos parece estar disponível e seria um desperdício manter as mesmas ilusões que cultivamos todos até aqui! Então a sugestão do mês é olhar com carinho para o ESSENCIAL já que sem isso o resultado , por melhor que pareça ser, é apenas contemporização e a doença vai avançar sempre! - SONO e RELAXAMENTO - o corpo tem no sono um grande remédio e esse remédio precisa ser contemplado para atuar de modo positivo ( horas de sono, qualidade do sono, ambiente do sono, as telas e a luz azul das mesmas, os noticiários e filmes estressantes antes de dormir ).Ho rmônios essenciais e neurotransmissores dependem desses detalhes ( melatonina\cortisol\serotonina, etc). O corpo precisa que o ritmo de cada órgão seja respeitado na jornada diária para que ele cumpra sua função de modo adequado ( ciclo circadiano) - EXERCÍCIO , atividade física e movimento- definitivamente o corpo humano não foi feito para o sofá, o escritório e o carro. Muito menos para esforçar-se além da conta nas academias em nome de resultados que nada tem a ver com a saúde. - NUTRIÇAO E HIDRATAÇÃO - Convivemos com excessivas orientações mas nem sempre o básico ( variedade qualidade de alimentos, afastamento dos industrializados, mastigação vagarosa, consciência ao escolher e preparar alimentos , ingestão adequada de ÁGUA) tem recebido atenção que merece .Todos precisamos rever como lidamos como que comemos e bebemos pois não podemos terceirizar decisões nesse universo de captação energética essencial. -STRESS E RESILIÊNCIA- os termos são muito citados mas não basta apenas saber sobre eles. Temos excesso de informação e pouco comprometimento com as nossas mudanças . Estímulos sempre gerarão demandas e cabe ao indivíduo perceber o padrão de lutar contra ou aceitar de modo excessivamente passivo demandas injustificadas que são aceitas por medo , vaidade ou mero descaso para a com a saúde -RELACI0NAMENTOS E TRABALHO EM EQUIPE – as relações são a principal fonte de conflitos e sofrimento emocional . Pouco temos de preparo para caminharmos para a maturidade emocional que permite a interação saudável( onde a abertura e o fechamento para o outro na família, trabalho e sociedade ) geradora de saúde quando acontece de modo harmônico! Então podemos usar esse nosso tempo ou desperdiça-lo mais uma vez ... A saúde pede atenção e dedicação ao trabalho de auto correção daquilo que reconhecidamente é feito contra a nossa vitalidade . É no trabalho do dia a dia e no passo a passo ... que , aos poucos, aparece o resultado- isso vale para o adoecimento e para a cura!

A sensação de segurança fonte de calma e saúde depende de algo lá fora?

Caminhamos adentrando a jornada da pandemia e já estamos em fases muito distintas das iniciais...Já tivemos chances de aprender muita coisa desde o impacto emocional do começo onde a onda de medo nos assolou . Depois de vários capítulos vividos e sobrevividos estamos a lidar com o a duração prolongada do grande evento de 2020 e a confusão e desconfiança das informações e diretrizes ! Estamos vivos e isso já é um motivo para olhar com gratidão tudo o que a vida e nós mesmos pudemos fazer para manejar as ondas que impactaram e não deram descanso ao longo das semanas. Tivemos de , forçosamente, sair da ilusão infantil (individual e coletiva) que o ambiente externo e quem ocupa o cargo de papai e mamãe iriam prover aquilo que nossa biologia precisa construir para funcionar bem – a sensação de segurança material e emocional .É desse lugar não material que a biologia irá captar informação para trabalhar e manter a vida com estratégias de luta, fuga e até paralisia...alguns animais até fingem de mortos para salvar a própria pele! Também é desse lugar não material que nossas expectativas reais( ou fora de realidade ) podem ser realizadas ou frustradas . E olha que desde o berço acumulamos muita experiência em jogar as redes para o mundo familiar e social na esperança de alguém de fora garantir a tão esperada sensação de segurança material e emocional . Muitos já estão experientes no manejo das decepções com suas colheitas de tristezas e raivas acumuladas, na maioria das vezes e expressadas através do adoecimento. Cada um está no seu ponto de consciência rumo a uma possível adultez , mas os últimos tempos mostraram que lá fora temos apenas corporações a legislar com promessas éticas que nunca se cumprem pelos mais variados motivos ( da incompetência à malignidade) e a nossa saúde fica à mercê do assombro ao se dar conta das manipulações, leviandades e maldades corporativas que tanto fazem brotar a consciência de que a solução para a vulnerabilidade que gera a insegurança não está MESMO com terceiros ... Então, mais uma vez, é necessário um passo a mais para buscar em algum lugar mais seguro , dentro de cada um, em que se possa confiar e acalmar esse mundo interdependente ( visível e invisível ) de cada pessoa para que a saúde se reorganize ... Nesse caminho , que não sabemos onde vai dar e nem quando vai alargar-se, aprenderemos a sair da ingenuidade das crianças que acabam feridas por confiar em apoios indevidos que a educação tanto valorizou. Então, esbravejar a raiva... entristecer-se e manejar o medo , com as decepções com essas estruturas externas que esquecem o indivíduo ,pode levar o coletivo a aprender a cultuar novas bases para s.e apoiar são tarefas árduas que a pandemia nos convida a realizar , com falsa ajuda corporativa vigente até aqui! Mas o processo precisará acontecer com cada um para reverberar no todo.

Vulnerabilidade é fragilidade?

Ao nascer, todos experimentamos a condição de estar à mercê do ambiente e das pessoas que nos acolhem na condição de turistas recém-chegados à grande “bola azul”! Para esse turista, tudo é estranho e novo e vai precisar dos suportes que esperava encontrar para, de fato, entrar na vida e viver a aventura! Sabe pouco ou quase nada dessa empreitada, e a capacitação é rudimentar para “dar conta” sozinho. A “bola azul” é uma atração turística sedutora quando olhada na agência de turismo. No pacote, ficam incluídos benefícios e facilidades que prometem a segurança, vendida e assegurada pelos direitos do consumidor. Fica instalado então, o clima de viagem dos sonhos, onde o desafio é apenas o desfrute prazeroso do produto do outdoor! Fica incluída aí a sensação de proteção, segurança e potência falsa, promovida por ser cliente de uma agência de qualidade, que foi contratada depois de escolha feita com critérios rígidos. Então pagar, pegar as malas e, com muito vigor, fazer a partida nessa viagem que promete realizar as idealizações... Percalços acontecem, porém... e são frequentes as imagens de turistas desesperados em aeroportos, devido a golpes ou intercorrências aleatórias, a desmantelar o idealizado e gerar perrengues variados que podem ir da mera privação alimentar, à falta de uma cama confortável (às vezes dorme-se em aeroportos!), atrasos de vôos, gente que é mal educada ao informar ou que não sabe nada do lugar... O que não estava explícito no contrato veio à tona e a sensação de proteção, garantias e segurança, viram vulnerabilidade confundida com fragilidade! Nessa hora, a reação emocional é inevitável, pois o medo vem como uma onda e pode gerar muita raiva ou paralisia... Muita energia será consumida para debater-se com o inexorável, até que, no silêncio do cansaço ou da lucidez, começa um processo de busca de capacitações que estão no turista e ele nem se dava conta. O caminho das pedras é reconhecido e percorrido com ações por ele implementadas, até que a volta para casa acontece... A onda emocional, confusão e reatividade a todos e a tudo, geralmente sobe o domínio dela, fugimos da fragilidade que nos assusta e da vulnerabilidade que evitamos tanto ao longo da biografia. Após essa onda, pode também vir a memória da POTÊNCIA que cada ser tem em si e que trouxe cada um até o ponto de hoje... As dificuldades podem ajudar na lembrança dessa potência nada frágil, que mesmo na vulnerabilidade (e talvez, apenas na vivência dela) é acionada e pode trazer decisões e ações inspiradas nesse ser, que atua conforme surge a demanda da experiência e encontra em si a habilidade que preserva-lhe a vida! Que essa inesperada, confusa e alongada quarentena, que desafia nossa cultura e seus conceitos ilusórios de segurança e é mantida pelo exagero do uso da inteligência racional, nos conduza a um patamar onde possamos agradecer e não mais temer a vulnerabilidade. Para isso, nós, os turistas da bola azul, deveremos reaprender a confiar em nós mesmos e nossas capacitações e nem tanto nos elementos externos que nos guiam (através da sedução) e nos deixam escravos de ditames que não são úteis a nós como indivíduos e nossas vidas. São apenas úteis para os consumidores que nos tornamos por influência do externo (com nossa anuência ingênua e preguiçosa)! Caso isso aconteça, a saúde física e não física irá, revigorada, agradecer! Junto com a saúde de cada um fortalecida pelas descobertas nos tempos vulneráveis (potências, habilidades e criatividades esquecidas), o coletivo também poderá tornar-se mais saudável também!

A quarentena e a ESPERA!

Caminhamos para os 40 dias da quarentena que avançou além da Quaresma e atravessamos múltiplas etapas desse grande “retiro” forçado. Uma pausa foi instalada pela vida e pelo sistema gerente do mundo físico. Depois de um forte impacto, uma possiblidade de adaptação possível (que ela não repita o velho que havia antes). Esperar não é o nosso ponto forte, afinal, até há pouco, os recursos disponíveis faziam com que surgisse muita coisa à mão num estalar de dedos ( ainda que sobrassem muitas parcelas no cartão para dar conta depois!). Essa perda da capacidade de perceber o ritmo foi um condicionamento cultural que nos transformou em meros consumidores ávidos pela saciedade imediata de desejos materiais. Tornou-se “normal”, mas esse “normal” já faz parte de uma doença não visível que gera sintomas visíveis (e que não percebemos de onde isso viria) no corpo e na qualidade de vida. As regras que regem a vida pedem que, a partir das ideias, caminhemos com disciplina num passo a passo até que a ideia torne-se materializada... e isso leva tempo! Afinal, o cotidiano é “touch” apenas para decidir se a compra vai ser “crédito’ ou “débito” (basta apertar a tecla). Para TODAS as outras coisas, os processos passam pelo mesmo processo que o agricultor ou o jardineiro aprenderam a ACEITAR se pretendem ter SUCESSO.... ou seja, ter ideias, investir, dedicar–se, esperar e, se tudo correr bem, colher o resultado. No quesito “SAÚDE” de cada um, o mesmo processo! Isso não pode fazer por nós, EXCETO quando somos crianças, é que a vida nos autoriza a não sermos responsáveis pela nossa saúde e bem-estar. Fora essa exceção dada aos filhotes, não poderemos ir à loja de conveniência da saúde, escolher e teclar “credito” ou “débito”. Até há pouco acreditávamos nisso - podemos nos descuidar que alguém dará um jeito!!! Agora é imperativo caminhar para a adultez e auto responsabilidade! Enquanto fazemos o exercício da espera dos próximos passos, podemos também torcer para que cada olhe e dedique-se ao dever sagrado de zelar pela vida em suas diferentes instâncias (físicas e não físicas ) e, com isso, colher uma colheita de bem-estar físico e comunitário, apesar dos pesares. Assim deixamos nosso lado infantil e adoecido para trás e traremos para nossa vida o lado leve que vem com quem se dedica ao zelo pela vida! Afinal, quem espera (e atua, cuidando da vida) sempre alcança!

O Eu e o Nós

O silêncio e o vazio chegaram de repente e se instalaram de modo imperativo sem pedir licença. O confinamento e a incapacidade de "re-agir", assumindo o controle e a luta anti-isso ou anti-aquilo, (que é nossa grande especialidade treinada com grande esmero), nos assustaram de modo impactante e fizeram derreter toda máscara bem ajeitada que o aculturamento prometia ser a grande solução. Afinal, foi reagindo para gerar a tão esperada sensação de segurança, que chegamos até aqui enquanto espécie. As leis que modelaram nossa identidade pessoal, familiar e de cidadania, tiveram que abrir espaço para outras leis: para aquelas que os antepassados tiveram de suportar até acharem os recursos para “dar conta” de ficarem vivos e fluir com controle diante das adversidades básicas da vida na Terra - a sobrevivência biológica foi a grande meta! As leis que regem a vida desde há muito e também ficaram para trás, graças ao passo a passo da história, conseguimos escapar do estar vulnerável e com medo. Foi construído um viver todo baseado em reagir e pensar em como livrar-se do desconforto. Nos afastamos tanto do sentir, que ele veio nos atingir em cheio e nos assustar de novo com todo o risco material. Reagimos tanto e geramos adoecimentos de outras instâncias, e cá estamos de novo com a vida ameaçada, e com emoções desconfortáveis, mas muito necessárias para seguir adiante com outras metas. O que sempre foi taxado de negativo para nós, foi algo a ser evitado e que serviu de combustível para seguirmos adiante, buscando soluções reativas para sobreviver. Ajudaram a construir muito progresso de alguns aspectos importantes no mundo material e emocional. O grande problema são os efeitos colaterais desse exagero de reatividade: eles nos trouxeram de volta para a materialização do que sempre foi temido e nos desnuda para que deixemos para trás a velha construção, onde livrar-se da vulnerabilidade foi a meta. Será preciso acolhê-la pois, apesar de nos assustar, ela abre espaço para a busca de ajuda do próximo e do divino (algo que ficou esquecido na cultura do EU-sozinho e cheio de sucesso)! Quando a questão material parecia resolvida para muitos países, povos e pessoas, o mundo emocional e humano estava adoecido e pobre pela cultura do EU-sozinho que busca sucesso dentro de um suporte que a cultura oferecia, para quem se movia pelo medo... De um lado a sobrevivência no conforto material (com destruição de recursos da Terra) e na pobreza não física (relacionamentos e emoções e religiosidade), e de outro a sobrevivência com a escassez de recursos materiais (já que esse sucesso não é para todos) com um intelecto mais livre e um coração mais aberto... Reagir menos pelo intelecto e gerar ações que fortaleçam a vida, sem a força do combustível do medo, talvez seja o grande desafio para o que vem depois dessa onda gigante. Agir mais de modo humano e solidário, talvez o caminho de retomada da valorização do que os antepassados tanto tiveram que considerar para que chegássemos até aqui. Essa ação pode gerar um novo patamar de saúde individual e coletiva que há tempos é almejado, mas pelo empenho das corporações e cristalização da velha cultura, jamais saiu do papel. Nesse momento crítico, a ação de cuidados para consigo mesmo (no melhor sentido da palavra), somente se torna possível porque foi preciso lembrar de T O D O S novamente e esquecer o EU idealizado, cheio de sucesso e tão esquecido que faz parte de um todo.

Dr. José Carlos T. do Vale

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